Na Folha, hoje, o relato dos repórteres Iara Lemos e Fábio Pupo de que Congressistas defendem prorrogar calamidade por 3 meses para estender auxílio emergencial assinala o que é praticamente inevitável, diante da perspectiva de que 2021 comece sem o fim da pandemia e a ameaça de um colapso social com o fim do auxílio emergencial que, para o novo ano, não tem fontes de recursos nem para continuar de forma reduzida.
A ameaça de cortar o que está mantendo, mal e mal, a economia é um pavor que, politicamente, tem todas as possibilidades de vingar e, com isso, provocar um significativo abalo no mercado financeiro, que já se segura na beira de um ataque de nervos com o câmbio, a provável mudança de poder nos EUA, a inviabilidade de uma taxa de juros negativa (menor que a inflação) e a inevitável quebra do “teto de gastos”.
Paulo Guedes reage, mas isso é algo que tem hoje 10% da importância que tinha um ano atrás. Ele não é mais ator principal da política econômica, e todos sabem que a decisão será tomada entre Jair Bolsonaro e o Centrão.
A porta do endividamento público, escancarada durante a pandemia, não será fechada, mas não para levar água ao moinho da atividade econômica. Não haverá investimentos e geração de empregos com a simples distribuição de auxílios que não seja acompanhada de aumento da produção, que com dificuldades se arrasta para voltar a níveis ruins do “pibinho” de 2019.
Não há a menor possibilidade de nossa economia funcionar com a retirada do auxílio, mas também não há a de, mantendo-o, conservarmos no altar do mercado a busca do fim do déficit público e não há dinheiro para investimentos de longo prazo que possa sustentar uma saída pela via das privatizações, como querem sugerir alguns.
Há um nó górdio atando o Brasil e não temos um Alexandre capaz de manejar a espada que o corte.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)