Duas imagens destes dias mergulham em tristeza o domingo do autor.
A multidão insana espremida na inauguração da loja da Havan em Belém, sob a batuta de um idiota vestido de pateta e a “muvuca” da porta das boates da Barra da Tijuca.
Caro que o risco sanitário é o mais grave, num olhar imediato e raso, por isso estar acontecendo no momento em que o Brasil chega a 150 mil mortos, a terceira maior taxa do mundo, mas há ali mais para ver.
O processo de idiotização da sociedade vai muito além de ter sido eleito um personagem como Jair Bolsonaro para a presidência e toma ares de um hedonismo consumista absolutamente ensandecido.
Claro que o exemplo da insanidade presidencial influi, mas seria injusto, mesmo para com ele, dizer que é o único fator desta loucura coletiva.
O mundo se tornou volátil em tudo, de telefones a vidas, tudo é descartável.
Pessoas, inclusive.
Para quê? Para curtir uma noite de balada, comprar uma porcaria qualquer, sem sentido…
Não é uma multidão de miseráveis, avançando sobre a comida de um caminhão tombado. É gente que tem todas as condições de pensar, de refrear-se, de ser prudente.
Não são a maioria, é verdade, e o demonstra o resultado de pesquisas publicadas hoje, pelo Datafolha.
Mais são muito e, pior, arriscam a vidas dos que permanecem sãos, inclusive mentalmente.
Destruir a política foi um processo muito fácil quando já se vinha destruindo o conceito de coletividade, de sociedade.
O resultado é este: a democratização da estupidez.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL )