Na esteira do auxílio emergencial
Chegou a 52% de aprovação
Desde que começou seu governo, o presidente Jair Bolsonaro alimentou um clima de guerra, com ajuda de suas milícias nas redes sociais. Passou a propagar um intenso movimento de fortalecimento das ideias conservadoras e liberais, ao mesmo tempo em que atacava as instituições democráticas, quando parecia ameaçado de impeachment.
Porém, no decorrer da pandemia, vem mudando de postura. Bolsonaro passou nos últimos tempos de maior crítico da democracia a seu maior defensor, depois que viu crescer sua popularidade, de acordo com as pesquisas eleitorais –as últimas lhe deram inéditos 52% de aprovação.
Isso lhe dá, a julgar por hoje, grandes chances de reeleição. Para quem não gosta da democracia, ela só é boa quando convém. No momento, convém.
O crescimento do apoio ao presidente é o maior indicador de que direita e esquerda não significam nada para a maioria dos brasileiros. Bolsonaro ganha pontos porque tem praticado na pandemia do coronavírus uma das maiores distribuições de dinheiro já vistas na história da República.
Seria populismo puro, mas é também um dado forçoso da realidade. Com quase 14 milhões de desempregados, essa é a única forma no momento de evitar uma convulsão social sem precedentes. Mesmo que não se saiba bem ainda de onde virá o dinheiro.
O Ministro da Economia, Paulo Guedes, denunciou na 6ª feira (2.out) o perigo dessa categoria de políticos que chamou de “fura-teto”. Mas já sabe que é voto vencido.
Bolsonaro foi picado pela mosca azul do populismo mais pródigo, do qual era crítico, quando este era praticado pelo PT. Nada do que prometeu –austeridade fiscal, enxugamento do Estado, incentivo à iniciativa privada– permanece na linha de frente da plataforma de governo atual. O presidente está curtindo seu momento Lula.
Bolsonaro tem sido acusado de praticar uma operação eleitoreira, que só agrava as questões fiscais –encrenca herdada do passado, que tinha se encarregado de resolver. Por outro lado, isso significa atender aos anseios da população.
Bolsonaro, apenas, governa –sem olhar para o rótulo das políticas que pratica. E desfruta do momento.
De José Sarney a Dilma Rousseff, que tiveram seus momentos de lua de mel com o poder, já vimos muitas vezes esse idílio de um presidente com a popularidade.
É inebriante. E efêmero como uma noite de verão.
THALES GUARACY ” BLOG PODER 360″ ( BRASIL)