A COVID DE TRUMP É A FACADA DE ADÉLIO ?

CHARGE DE NALDOMOTTA

Chocado. É assim que eu me sinto sendo obrigado a constatar que Bolsonaro dá uma verdadeira aula a Trump no quesito ‘comunicação eleitoral de guerra’. 

Claro que no quesito ‘interesse do Brasil’, Trump vence de goleada, mas quem se preocupa com o Brasil nesses últimos tempos?  

O negócio é eleição e perpetuação no poder.  

O irônico é que no lodaçal da capitalização da mentira, a malandragem e a ginga brasileira superam a dureza e a falta de traquejo dos americanos. Seria o caso de comemorar? 

Viva o Brasil! Nós mentimos melhor do que eles! 

Peço vênia a esse mundo de blefes e imposturas – em que a mentira é a deusa-mãe, – para abrir mão de uma expressão em desuso: “verdade seja dita”. Portanto… Verdade seja dita: dói constatar que a inteligência macunaímica, tão incensada por intelectuais underground do pedaço, brasileiríssima, é superior em gênero, número e grau ao cientificismo bem comportado dos gringos.  

Trump recebeu a faca (ops) e o queijo nas mãos com seu teste positivo de covid e bate cabeça na tarefa de apelar para a emocionalidade dos eleitores e faturar a reeleição em cima de um péssimo John Biden, quase um Geraldo Alckmin das pradarias gringas. 

A assessoria de Trump erra em todos os níveis: diz que ele está bem, diz que ele está mal. O próprio Trump não sabe como proceder e viola os protocolos da “comunicação de guerra”, tentando parecer saudável e bem disposto.  

A prisão de Steve Bannon deve ter feito mal para o bunker de comunicação eleitoral do bilionário-presidente.  

Pausa para celebrar o nosso glorioso Bolsonaro. Esse sabe mentir! Esse fez de uma facada autopremeditada, real ou não, o passaporte para a usurpação tranquila e segura do poder. Merece o Oscar e o Nobel – e o Pulitzer também, já que plantou a notícia falsa mais importante da década em todos os jornais do país sem que qualquer um desses jornais contestasse absolutamente nada.  

Falta um Carlos Bolsonaro a Trump. Falta um Olavo de Carvalho a Trump. Falta uma imprensa brasileira a Trump.  

Ele recebe a sorte grande contrair covid às vésperas das eleições americanas – e escapar de todos os debates como fez Bolsonaro no Brasil – e enfia essa felicidade no próprio nariz.  

Convenhamos e atestemos: Tom Jobim estava certo. O Brasil não é para amadores. Os amadores estão todos nos EUA. Aqui, é Macunaíma, cara pálida! 

GUSTAVO CONDE ” BLOG BRASIL 247″ ( BRASIL)

Gustavo Conde é linguista.

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