O carro Brasil está andando numa estrada esburacada, cheia de precipícios, com os “pardais” do mercado todos ligados, e o tanque de gasolina está baixo, com o ponteiro indicando quase R$ 700 bilhões abaixo do vazio e não acabou o temporal da pandemia.
E todos já perceberam que não há posto por perto, muito menos um Ipiranga, onde haveria solução para tudo o que se precisava resolver.
Faz tempo que já se descobriu que o Posto Ipiranga de Jair Bolsonaro não tinha mais que “a conta do chá” para oferecer, assim mesmo com Rodrigo Maia trazendo a xícara no caso da reforma da Previdência.
Ensaiou-se substituí-lo pelo “Centrão”, subitamente erigido como formulador de política econômica.
Também não deu: o tal “Renda Cidadã” foi torpedeado no porto, a votação do veto à desoneração das contribuições patronais, curiosamente as que Paulo Guedes chama de “armas de destruição em massa” para justificar um novo imposto.
Mas o episódio serviu para, numa só tacada, Guedes se comprometer com o moribundo teto de gastos, com a nova CPMF e também empurrar para o Congresso o dilema “ou novo imposto ou o fim do auxílio”.
Não vai colar, evidente, porque as raposas sabem que não basta agradar os desvalidos, tem de agradar os graúdos.
Só que, como diz Helena Chagas, em artigo publicado hoje:
“Cresce a cada dia, em outras alas do governo, a desconfiança de que, por trás das dificuldades que sabiam que iriam aparecer, está a desmedida ambição dos políticos do Centrão. Afinal, Bolsonaro está mais e mais dependente deles, que conhecem as facilidades que um governo na mão pode oferecer. Sonhariam agora com o imenso espaço que se abriria na eventual substituição do ministro da Economia, quando este se cansar e o país chegar à virada do ano sem rumo nas reformas e na retomada da atividade. Sobraria ministério para tudo que é lado, principalmente se Bolsonaro concordar com o “esquartejamento” da superpasta, abrindo a temporada de indicações para Indústria e Comércio, Trabalho, Previdência, etc…
Este seria o preço para que o Centrão assumisse a criação de novos impostos, mas este preço não será pago, assim, facilmente.
A estrada vai seguindo e vamos vivendo de expectativas que não se realizam.
O posto Ipiranga era uma miragem que, todos já viram, virou areia seca.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)