“O mais importante é que ela não queria. Você obrigar uma criança a uma gravidez força é uma tortura”, disse
Jornal GGN – Olímpio Barbosa de Moraes Filho, diretor do Cisam, hospital responsável por acolher e realizar o aborto na menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio no Espírito Santo, afirmou em entrevista à BandNews, nesta segunda (17), que o Brasil é o “país da hipocrisia” e que a defesa do direito à vida feito hoje por conservadores é “uma “falácia”.
“A classe alta procura o aborto com maior frequência do que a classe desfavorecida. O Brasil é o país da hipocrisia. A defesa da vida é uma falácia. Se consideram que o embrião tem vida, deveriam estar nas portas das clínicas de reprodução humana, que descartam milhares de embriões”, disparou.
Na entrevista, Olímpio afirmou que nunca passou pela situação registrada na noite de domingo (16), quando cerca de 200 pessoas foram ao Cisam, em Recife, para protestar contra ou a favor do procedimento realizado na menina, que engravidou após estupros recorrentes do tio de 33 anos, que está foragido.
A Justiça do Espírito Santo autorizou o procedimento na criança, mas os médicos do Estado se recusaram a realizar o aborto. Ela precisou ser transferida para Recife. Nas redes sociais, militantes anti-aborto como Sara Winter espalharam o nome da menina e a localização do hospital para provocar confusão.
“O mais importante é que ela não queria. Você obrigar uma criança a uma gravidez força é uma tortura. Ela já foi violentada por vários anos. Não colocaria novamente essa criança em outro estado de violência”, disse o médico.Leia também: Aborto: Deputada pedirá providências sobre vazamento de dados sigilosos à Sara Winter
O diretor do Cisam, o hospital de referência em saúde da mulher no Recife, ainda comentou que a unidade realiza cerca de 50 interrupções de gravidez por ano. Segundo ele, os casos envolvendo crianças são mais “raros” ali.
A menina tomou um remédio no domingo para paralisar o coração do feto com 22 semanas e hoje pela manhã tomou outra medicação para ajudar nas contrações para expulsar o feto via parto natural.
PUBLICADO PELO ” JORNAL GGN” ( BRASIL)