Jair Bolsonaro está terceirizando a presidência da República para Paulo Guedes. Já em sua primeira campanha – vai ficando claro que ele está na segunda -, ele mostrou grande dependência do Posto Ipiranga nas questões da economia – que, a rigor, são as principais num país em recessão e crise social. Agora, ao se distanciar cada vez mais de problemas cruciais, como criar ou não a nova CPMF, ou a quem nomear para comandar o maior banco público – sem contar a crônica postura de quem não tem nada com isso quando se trata de pandemia – ele chega onde queria: mais do que um presidente-candidato, que governa de olho na reeleição, é um candidato-presidente, cuja principal atividade parece ser fazer campanha para 2022, e não presidir o país.
Neste domingo, Bolsonaro foi de moto a uma padaria no Lago Norte. Lá, confirmou o que muita gente já desconfiava: deixou na mão de Guedes a responsabilidade pela criação do novo tributos sobre pagamentos, que até ontem era objeto de sua ojeriza. Mas, no domingo ensolarado, o presidente da República mostrou não ter nada contra o novo tributo se sua criação for compensada pela redução de outros. Quais? Não tem a menor ideia.
E vai ser bom para o país reduzir a carga tributária de empresários, na folha de pagamentos, ou da classe média, no Imposto de Renda, e aumentar a de toda a população com a nova CPMF? Também parece não ter pensado muito sobre esse assunto, que está com Guedes. Por fim, concluiu: “Se o povo não quiser, então deixa como está..”.
JEITO DE NÃO GOVERNAR
De forma parecida, abordou a nomeação do novo presidente do Banco do Brasil, André Brandão, anunciada no fim de semana: “Parece que está fechado sim”.. Se há alguém que, num regime presidencialista, não precisa usar o verbo parecer relacionado a atos que saem publicados no Diário oficial, esse alguém é o presidente da República.
Esse é o jeito Bolsonaro de (não) governar: terceiriza a economia para Paulo Guedes, a pandemia para o general Pazuello, o desmatamento e as queimadas para a dupla Hamilton Mourão-Ricardo Salles e sai por aí em campanha. Há dois riscos: 1. dar tudo errado e a culpa recair em seus ombros do mesmo jeito, pois afinal ele foi eleito para cuidar disso; 2. dar tudo certo e o pessoal descobrir que não precisa mais de intermediários.
HELENA CHAGAS ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)