A MÍDIA ALTERNATIVA BRASILEIRA PERDE NOCAUTE E CONVERSA AFIADA NO MESMO DIA

CHARGE DE JOTA CAMELO

“Nocaute voltará quando passar a tempestade”.

“O Conversa Afiada dá adeus. Obrigado e boa sorte!”

Em meio à pandemia sanitária e econômica, dois dos mais importantes veículos da mídia alternativa fecharam as portas, na mesma sexta-feira, 31 de julho, do ano da desgraça de 2020.

Nocaute e Conversa Afiada foram criados na última década por dois consagrados jornalistas da minha geração, Fernando Morais e Paulo Henrique Amorim, respectivamente.

Amorim morreu no ano passado, mas a equipe dele manteve o site no ar até agora, com o mesmo espírito polêmico e combativo do seu criador, um campeão de processos na Justiça, vencedor do Prêmio Influenciadores Digitais em 2016, 2017 e 2019. .

Lançado em outubro de 2016, o Nocaute tinha a mesma característica, investindo em entrevistas e reportagens exclusivas.

“Nos últimos meses vivemos sem saber se haveria recursos para bancar o mês seguinte, mesmo diante de uma estrutura bastante enxuta, uma redação com quatro pessoas, contando com a moça da água”, lamenta Morais.

Como os dois sites sobreviviam basicamente da contribuição de amigos e leitores, os recursos foram minguando nos últimos meses.

Se grandes empresas de comunicação enfrentam dificuldades financeiras, pode-se imaginar como fica a vida das mídias alternativas que não contam com anunciantes e patrocinadores, mesmo tendo grande número de seguidores.

Ao fechar as portas, o Conversa Afiada tinha 1,13 milhão de seguidores no Facebook, 634 mil no Twitter, 690 mil no Instagram e 985 mil no YouTube.

Nocaute atingia em média 400 mil pessoas/mês nas redes sociais, mas Morais teve que vender sua moto BMW, ano 1951, e um quadro de Tomie Othake que ganhou dela para manter o site no ar, com a ajuda de Alberto Villas, ex-editor do Fantástico, outro sobrevivente da geração 68.

Agora, Fernando Morais vai dedicar todo seu tempo a concluir a biografia do ex-presidente Lula, que deverá ser lançada pela Companhia das Letras até o final do ano, como ele contou a Lívia Ferrari, do site da nossa ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Quando o livro sair, e se a tempestade passar, ele pretende voltar com o Nocaute.

Ex-deputado estadual pelo MDB, ex-secretário da Cultura e da Educação do Estado, brilhante biógrafo de Chatô e Olga Benário, autor do best-seller “A Ilha”, meu velho amigo é duro na queda.

Vida que segue.

RICARDO KOTSCHO ” BALAIO DO KOTSCHO” ( BRASIL)

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