Paris voltou a ser uma festa.
Toda a Europa velha de guerra, que ficou três meses em quarentena, comemora a volta à vida normal, curtindo o verão nas praias lotadas e nas mesas dos bares nas calçadas. .
Mas nós, mesmo que tivéssemos recursos, não vamos poder participar desta festa. Como nosso país virou pária, a Comunidade Europeia proibiu a entrada de brasileiros.
Aqui, tudo é meia boca. O isolamento social, boicotado pelo governo da cloroquina, não funcionou, foi meia boca. .
Em consequência, a reabertura do comércio também é meia boca. E a ocupação de leitos de UTI voltou a subir, passando de 80% nas últimas semanas.
Com metade da população sem emprego e sem dinheiro, e a outra sem ânimo para fazer festa, milhares e milhares de lojas, academias, salões de beleza, mercearias, papelarias, armarinhos, bares e restaurantes nem reabriram, porque foram à falência.
O cenário pós pandemia, que ainda não acabou, é de terra arrasada, depois da retomada das atividades econômicas.
A pandemia, que já deixou mais de 60 mil mortos e quase 1,5 milhão de contaminados, está longe de acabar, segundo cálculos do Imperial College, um dos principais centros de acompanhamento da doença.
Estamos há 50 dias sem ministro da Saúde, com um general interino, perdido em seu labirinto, que se cercou de militares em lugar de médicos e não tem a menor ideia de como debelar a pandemia.
Para evitar problemas, cancelou as entrevistas.
Bolsonaro, além de tudo, é um pé frio, que tem um dedo podre para escolher auxiliares. É um head hunter do avesso.
Agora ele está procurando o quarto ministro da Educação, em apenas um ano e meio de governo, depois de escalar cinco nulidades na Cultura e testar três na Saúde, em plena pandemia.
O pior presidente da história só poderia ter o pior ministério da história, e sempre pode piorar. Os medíocres se atraem, é uma lei da vida.
Confinado e silenciado pelos generais, o ex-capitão tomou chá de sumiço e se recolheu aos seus gabinetes e aposentos, sem ter nenhum plano de voo para enfrentar a tormenta econômica no pós-pandemia.
Limitou-se a prorrogar o auxílio emergencial de R$ 600 por mais dois meses, raspando o tacho dos cofres do ministro da Economia, que sumiu junto com seus planos de “reformas”. Perdeu até a empáfia.
E depois?
A flexibilização da quarentena virou uma avacalhação, provocando um rastro de mortos e infectados nas regiões mais pobres, uma tragédia que poderia ter sido evitada.
Desde o começo da pandemia, Bolsonaro procurou seguir os passos do seu êmulo Donald Trump, que também desdenhou da gravidade da crise sanitária e receitou cloroquina para todos.
Os dois agora disputam a liderança dos países mais afetados pela pandemia, para ver quem causou mais prejuízos ao seu país.
A diferença é que os Estados Unidos são o país mais rico e poderoso do mundo, pode se recuperar em pouco tempo, apesar de Trump, enquanto nós somos um país pobre, quebrado e profundamente injusto, os campeões mundiais de desigualdade social.
Para enfrentar outra pandemia que assola o país, os recordes de queimadas na Amazônia, que afugentaram os investidores estrangeiros, o governo está preparando videoconferências e uma campanha publicitária sobre a gestão ambiental no Brasil, agora também comandada pelas Forças Armadas.
Com esse Ricardo Salles de garoto-propaganda, passando a boiada, não há campanha publicitária que opere o milagre. Nem chamando o Washington Olivetto.
Por essas e por outras, eu me sinto num grande hospício sem muros, onde continuam discutindo medidas de prevenção de incêndio numa casa pegando fogo.
Mais dia, menos dia, a pandemia vai passar, mas com esse desgoverno, que tem mais dois anos e meio de mandato, como o Brasil poderá sobreviver?
Vida que segue.
RICARDO KOTSCHO ” BALAIO Do KOTSCHO” ( BRASIL)