Não é que a Agência Brasileira de Inteligência tenha falhado na checagem do currículo de Carlos Alberto Decotelli. A questão é que o órgão não se deu ao trabalho de verificar as credenciais acadêmicas do ex-quase-futuro ministro da Educação.
Superior hierárquico da agência, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, subiu no caixote das redes sociais para enviar uma mensagem aos “desinformados” que ousaram criticá-lo.
O general anotou: “O GSI/ABIN examinam, sobre quem vai ocupar cargos no governo, antecedentes criminais, contas irregulares e pendentes, histórico de processos e vedações do controle interno. No caso de ministros, cada um é responsável pelo seu currículo.”
No caso de Decotelli, a irresponsabilidade de cada um submeteu o presidente da República ao vexame de bater bumbo nas redes para anunciar a escolha de um currículo de mostruário para o MEC. Deu no que está dando.
Agora se compreende por que Bolsonaro reclama tanto dos órgãos de inteligência do governo. O presidente trata a Abin como incompetente porque ainda não se deu conta de que a agência exerce sua competência errando segundo as regras. Que não incluem a averiguação de currículos.
Numa evidência de que a inteligência da Abin é top secret, informa-se no Planalto que Heleno foi um dos militares que avalizaram a escolha do professor Decotelli. O general soube pela imprensa que o currículo do professor era fake.
A despeito de tudo, Heleno endereça suas explicações sobre o caso Decotelli “aios desinformados”. Então, tá!
Fica entendido que, além de não examinar currículos, o pessoal do GSI e da Abin não olha para o espelho. O autoexame também não é permitido.
Aos desinformados: o GSI/ABIN examinam, sobre quem vai ocupar cargos no Governo, antecedentes criminais, contas irregulares e pendentes, histórico de processos e vedações do controle interno. No caso de Ministros, cada um é responsável pelo seu currículo.
— General Heleno (@gen_heleno) June 30, 2020
JOSIAS DE SOUZA ” SITE DO UOL” ( BRASIL)