GRANDE OU NÃO, O ATO NÃO REFLETIRÁ O TAMANHO DA REPULSA. O PLANALTO QUER SANGUE.

Não é possível antever quantas pessoas irão hoje às ruas contra os descalabros do presidente Jair Bolsonaro. Qualquer que seja o número, não refletirá a repulsa, enorme e crescente, às suas políticas. No plural.

A razão é simples. Muita gente está com medo do vírus — o que, por óbvio, é prudente quando nos damos conta do número de doentes e mortos. É importante destacar que aqueles que decidem protestar estão assumindo um risco. Se não tomarem os devidos cuidados ao chegar às suas respectivas casas, podem expor também seus familiares.

Mais: os protestos não contam com a organização de partidos de oposição, sindicatos, ONGs, entidades da sociedade civil, nada! O PT, na última hora, resolveu dar seu endosso ao ato, mas está longe de ser protagonista da coisa.

O eixo da manifestação está mesmo com pedaços de torcidas organizadas. A Frente Povo Sem Medo também se colocou como entusiasta de primeira hora.

O que dizer? É triste que pessoas tenham de se expor num momento como esse. Isso não deveria ser necessário. Do ponto de vista político, no entanto, estamos diante de um sinal de vitalidade da democracia.

Nem os manifestantes imaginavam que iriam às ruas sob a égide de crimes novos cometidos pelo governo, como a sonegação e a maquiagem de números dos doentes e mortos da Covid-19.

Os brasileiros, por intermédio dos entes da sociedade civil, tem de ficar muito atenta. Igual atenção têm de ter a imprensa brasileira e a internacional.

Milícias bolsonaristas nas redes e o próprio presidente mandam mensagens nada veladas às PMs, incitando o confronto e a repressão. Já é parte do proselitismo em favor da guerra civil que Bolsonaro anunciou promover na reunião ministerial do dia 22 de abril. Não se trata apenas da política do medo. É mais do que isso: o chefe do Executivo praticou atos de ofício em favor do armamento da população. Parte das decisões nada têm a ver com autodefesa.

Os que organizam o protesto têm, tanto quanto possível, de espalhar “olheiros” entre os manifestantes, devidamente equipados para registrar a ação de vândalos e provocadores, colaborando na sua identificação. Está claro que há gente querendo ver o sangue correr no país.

Também é preciso ter especial atenção na ação dos policiais. O bolsonarismo faz hoje um proselitismo verdadeiramente criminoso junto às PMs, incentivando a indisciplina. O momento é delicado.

Que fique claro: ainda que em hora imprópria, sempre se destaque, os que vão as ruas neste domingo para protestar contra o governo têm como pauta e a democracia, o estado de direito e a defesa da vida.

Quaisquer atos que dela desbordarem — partam dos manifestantes ou da polícia, com eventual reação desproporcional, que pode atingir a massa de pessoas, não os eventuais vândalos — têm como autores os que pretendem fraudar o jogo democrático.

Que o Brasil e o mundo fiquem ligados!

Temos no poder um presidente que tenta promover o autogolpe. Está em busca de pretextos. De resto, já está claro, quando nãos os tem, ele próprio os fabrica.

Todas as investidas golpistas do presidente e de generais que o carcam se deram sem o povo na rua.

Nada a estranhar num país governado por colonizadores de cemitérios.

REYNALDO AZEVEDO ” SITE DO UOL” ( BRASIL)

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