Em 2018, Janio de Freitas escreveu sobre as relações do general Heleno, ministro-chefe do GSI, com o juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, condenado a 26 anos e seis meses de prisão pelos crimes de desvio de verbas, estelionato e corrupção na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Na sexta, Heleno divulgou uma “nota à Nação brasileira” dizendo ser “inconcebível e, até certo ponto, inacreditável” o “pedido de apreensão do celular do presidente da República”.
Heleno, lembra Janio, foi “auxiliar do general Cardoso no Planalto de Fernando Henrique”:
Constatou-se então que o general Heleno era o mais frequente contato do juiz Nicolau dos Santos Neto, exclusive familiares. Como o general negasse por escrito, em carta, pude expor aqui a prova de sua ligação com o juiz mais tarde condenado e preso por corrupção, na obra do novo Tribunal da Justiça do Trabalho, em São Paulo.
O SNI estava extinto desde Collor e assim continuava, no dizer de Fernando Henrique. No entanto, Lalau passava ao general Heleno, com presteza sistemática, informações sobre os graúdos paulistas e seus negócios, os políticos, a imprensa.
Entre outros temas. Era a preservação do policialismo, com todos os seus defeitos. E mais um: a falsidade da inexistência de espionagem interna.
Se dado a nostalgias, o general Heleno poderia ser tentado a esclarecer o eleitorado sobre um fato sempre omitido. Seu nome é acompanhado, muitas vezes, de citação ao comando que exerceu da Força brasileira no Haiti.
Sem referência, jamais, a que esse comando foi encerrado bem antes do prazo, por um motivo sem precedente: a ONU pediu que o general brasileiro fosse retirado do comando. A respeito, só ficou registro da chegada do general Heleno, abalado a ponto de chorar. (…)
JANIO DE FREITAS ” FOLHA DE S.PAULO” ( BRASIL)