Aquele haitiano anônimo do “cercadinho” do Alvorada foi profético, semanas atrás, ao dizer para Bolsonaro, de viva voz, que seu governo acabou.
A pá de cal foi dada na manhã desta sexta-feira, 24 de abril de 2020, quando o ministro da Justiça Sergio Moro, um dos paus da barraca, pediu demissão e saiu atirando contra o presidente, numa verdadeira delação premiada, enumerando os crimes de responsabilidade que Bolsonaro cometeu e ele testemunhou.
Numa coisa Bolsonaro tem razão: se o presidente não pode nem nomear o diretor geral da Polícia Federal para proteger seu filhos, o que ainda estava fazendo no Palácio do Planalto, agora sob a intervenção do general Braga Netto, o “presidente executivo”?
Com Braga Netto assimindo o comando da política econômica e da articulação com o Centrão no Congresso, o golpe dentro do golpe já foi dado, não precisam nem mandar tanques para a rua.
Por enquanto, quem manda são os generais.
Bolsonaro e seus filhos ainda podem ficar por alguns dias numa salinha do Planalto, sem fazer barulho, só mexendo nos celulares, mas o seu governo já acabou.
De nada adiantou demitir o diretor geral da PF e colocar alguém de confiança em seu lugar porque as investigações sobre o “gabinete do ódio”, a fábrica de fake news dos filhos do presidente, vai continuar, certamente agora com mais empenho dos federais, que estão fechando o cerco.
Depois de Moro, só falta sair agora Paulo Guedes, o ministro da Economia, que avalizou Bolsonaro para os empresários durante a campanha e não manda mais nada.
Já sabendo que deve ser o próximo, Guedes cancelou sua participação numa live do banco Itaú, outro escândalo que deverá ser apurado durante o processo de impeachment de Bolsonaro, que agora não tem mais como ser adiado.
Ministro da Economia tem que falar para o país, não para os clientes e investidores de um banco privado.
Moro entregou de bandeja ao STF e ao Congresso todos os elementos para a cassação imediata de Bolsonaro, contando com detalhes como ele agiu para ter acesso a informações e relatórios confidenciais de inteligência da PF.
Como um napoleão de hospício, o capitão expulso do Exército e deputado do baixo clero por 28 anos virou um fantasma ambulante em Brasília, mas pensa que ainda manda alguma coisa, depois de demitir os dois ministros mais populares do seu governo, que está fazendo água por todos os lados.
Agora, se não houver o impeachment da chapa eleita em 2018, de duas uma: ou vamos ter uma ditadura militar de fato, sem disfarces, ou Bolsonaro vai querer implantar uma ditadura miliciano-familiar, o que a esta altura parece bastante improvável.
Com a gravíssima crise sanitária, econômica, política e agora militar em andamento, cabe agora ao Supremo e ao Congresso encontrar uma urgente saída democrática para esse tsunami bíblico provocado pela eleição de um celerado, desqualificado e perigoso terrorista _ como ele mostrou ser no Exército, nunca é demais lembrar, ao planejar a detonação de bombas nos quarteis e na estação de águas do Rio de Janeiro, quando era tenente, algo que conseguiu esconder durante a campanha eleitoral.
Chega de notinhas de repúdio, memes e bateção de panelas. É hora de agir.
A gravidade do momento exige grandeza e coragem dos homens públicos e das lideranças da sociedade civil.
Estão em perigo a democracia, nosso empregos e nossas vidas.
Vida que segue.
RICARDO KOTSCHO ” BALAIO DO KOTSCHO” ( BRASIL)
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