De O Globo:
Incomodado com o protagonismo do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o presidente Jair Bolsonaro decidiu acabar com as entrevistas coletivas concedidas diariamente pela equipe da pasta responsável pelo enfrentamento do novo coronavírus. Com isso, os anúncios do governo federal, inclusive os da área da saúde, devem ser concentrados no Palácio do Planalto, também como uma forma de transmitir a imagem de união entre saúde e economia preconizadas pelo presidente no combate à crise.
Sob o comando do general Braga Neto, Bolsonaro manda dar “ordem unida” ao ministro da Saúde, como se isso fosse, daqui a alguns dias, quando os mortos forem milhares, ajudar a esconder da nação as pilhas de corpos que o vírus, multiplicado pela irresponsabilidade deste governo, vai gerar.
A autoridade de quem deveria ser o grande coordenador do enfrentamento, na linha de frente, desta pandemia foi-se completamente.
Vai falar vigiado. Vai ser “corrigido” cada vez que falar da realidade apavorante.
Em nome de Bolsonaro, mas também do Exército Brasileiro, o general Braga Netto assume o papel de “silenciador” de verdades inconvenientes, mas que a população tem o direito de saber, em nome de sua própria vida e a de seus entes queridos.
Vão chamar um cabo e um soldado para enfrentar a epidemia? Vão entrar numa batalha em que só se perde a honra e ficar imóveis, cúmplices e silenciosos, na que vale vidas?
PS. Na entrevista, parece que Mandetta não recuou e defendeu as recomendações dos governos estaduais para que haja restrição ao funcionamento do comércio:
— Por enquanto mantenham as recomendações dos estados, porque nesse momento é a medida mais recomendável, porque temos muitas fragilidades ainda no sistema de saúde — disse Mandetta.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)