A situação é séria. Leve isso a sério. Desde a reunificação alemã, não, desde a Segunda Guerra Mundial, nosso país enfrentou um desafio que depende tanto de nossa solidariedade coletiva”.
A fala da chanceler alemã, Angela Merkel, até parece um recado para a falta de compostura do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, diante de uma pandemia que só na Itália, no dia de hoje, matou quase 500 pessoas. Sem falar que por aqui os números só fazem aumentar. E é matemática. Não “histeria” ou “pânico”.
Enquanto isto, Bolsonaro convoca uma coletiva para, mais uma vez, demonstrar o seu desapreço pelo trabalho dos jornalistas que, ao contrário dele, não estão nas ruas para faturar dividendos políticos, ou marcar posição contra os demais poderes da República, como fez ele, no domingo passado. Esses profissionais estão no corpo a corpo, com talvez pessoas infectadas, se arriscando numa verdadeira “roleta russa”, para levar à sociedade a informação que ele deveria dar. Por exemplo, teria sido uma excelente ocasião para o Planalto distribuir uma cópia da contraprova do enxame feito pela segunda vez, no presidente. Afinal, ele esteve em contato com todas as pessoas de uma comitiva que já tem 15 infectados.
Em qualquer país sério a assessoria de Comunicação teria providenciado o documento e entregue cópia na coletiva. Ou será ele o “Robocop”, ou o “Exterminador do Futuro”, imune a pragas e contágios? Será que como o “He Man”, “ele tem a força”? Estranho…
De máscara, e sem nenhum traquejo para manuseá-la, ele deixou para o ministro Mandetta a “numeralha” e a cantilena puxa-saco, além dos dados que têm sido distribuídos diariamente – e não vejam isto como vantagem. É obrigação!
Mandetta parecia estar aguardando a vaga na chapa de vice das eleições de 2022. (O que será do amanhã? Haverá eleições?) Levantou a bola várias vezes para o presidente, sublinhando que este lhe dá toda a liberdade de ação. Ora, ora, ora, se no meio deste pandemônio – em que o tresloucado não entende nada, não sabe e não quer saber –, o ministro da Saúde fosse obrigado a seguir padrões burocráticos a cada ação, valha-me Deus! O que seria de nós? À mercê desse crescente de óbitos – foram mais dois, hoje, em São Paulo, sem contar a suspeita sobre a morte de uma senhora em Miguel Pereira, Estado do Rio de Janeiro.
E o que falar de Paulo Guedes, com aquela cara de assustado, falando como se estivesse com a sala repleta de investidores do mercado financeiro, sem nenhum cuidado, ou demonstração do mínimo de sensibilidade para com o quadro que tem diante de si. Trabalhadores correndo o risco de morrerem que nem mosca, deixando “zero” de direitos para as suas famílias, porque ou trabalham como autônomos por 12 horas, ou não têm do que viver. Resultado de uma política de arrocho e cortes fiscais alucinados.
Das falas de Bolsonaro, o que ficou foi: “a imprensa não reconhece o nosso trabalho”, “Vamos fazer uma manifestação do barulho às 21 horas”, e “fui, à rua sim. Era a minha obrigação”. E o pior. O seu recado chega. Hoje ouvi uma senhora comentando: ‘O que os repórteres queriam que ele fizesse? Abandonasse o seu povo? Ele foi eleito para isto. Para estar perto do seu povo’. Tão perto que o assista, mas distante o suficiente para não o contaminar! É o que se espera. O mais é politicagem barata da pior espécie. Bolsonaro está isolado. E não pela quarentena, mas pela sua total ausência de habilidade política e de incapacidade de compreender o que fazer com o cargo para onde foi catapultado.
DENISE ASSIS ” BLOG 247″ ( BRASIL)