Antes de seu encontro com o chefe Donald Trump no resort de Mar-A-Lago, em Miami, Jair Bolsonaro decidiu dobrar sua aposta contra as instituições e convocou seu rebanho a comparecer às manifestações de 15 de março. Para inglês ver, ele afirmou que os protestos não são contra o Congresso Nacional nem contra o Supremo Tribunal Federal, mas é óbvio que seu alvo maior é Rodrigo Maia.
Não fosse assim, os bolsonaristas não estariam se dedicando neste sábado a puxar a hashtag #EuQueroMaiaNaCadeia, que é justamente o tema mais comentado da noite. Apontar os canhões digitais para o presidente da Câmara, chamado de “Botafogo” por seus aliados, é uma saída conveniente para um presidente que, em seu primeiro ano de governo, foi incapaz de entregar crescimento econômico e vê a situação cambial também sair do controle.
Maia, por sua vez, deve considerar Bolsonaro ingrato, uma vez que, na condição de “primeiro-ministro”, entregou as reformas demandadas pelo “mercado”, como a trabalhista e previdenciária. Mas ele deveria refletir sobre seu papel na degradação das instituições. Será que valeu mesmo a pena apoiar o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e servir ao governo golpista de Michel Temer? Valeu a pena impor o teto de gastos para agora dizer que o Estado precisa voltar a investir?
O presidente da Câmara foi um dos principais responsáveis pela restauração neoliberal no Brasil que, até agora, só produziu miséria e desigualdade. E corre o risco de ser a próxima vítima do fascismo que emergiu na sequência do golpe de 2016. Que não reste dúvida: Bolsonaro quer Rodrigo Maia na cadeia. É exatamente isto o que seus seguidores estão dizendo neste momento. Ele terá força para reagir? Ninguém sabe. O certo é que o Brasil está prestes a viver dias dramáticos e Bolsonaro poderá voltar de Miami não apenas com o plano de um autogolpe, mas também com uma guerra contra a Venezuela, a mando de Donald Trump.
LEONARDO ATTUCH ” BLOG 247″ ( BRASIL)