A mosca azul parece ter picado mesmo o ministro Sérgio Moro. Durante um jantar, em fevereiro – revelado pela repórter Laryssa Borges, na revista Veja – ele sinalizou, a aliados, não estar mais interessado na vaga que será aberta no STF, em novembro, com a aposentadoria do decano Celso de Melo.
Alegou que até lá não haveria tempo suficiente para implementar os projetos que considera prioritários ao país.
Bolsonaro deve ter ficado com o cabelo em pé. Ele, que já é paranoico, de acordo com relatos de próximos, e achava que Moro queria o seu lugar em 2022 vai ter certeza de que esse é mesmo o seu plano. Ninguém desiste do STF sem mais nem menos.
E o pior, para ele, é que ele não pode fazer nada para impedir.
As pesquisas mais recentes feitas por candidatos de diferentes segmentos políticos em todo o Brasil mostram sistematicamente dois resultados favoráveis a Moro.
Um deles é que os brasileiros estão cada vez mais preferindo eleger juízes, policiais e militares, o que será percebido, mais uma vez, nas eleições deste ano; o outro é que ele, além de ser o ministro mais bem avaliado do governo, é mais popular que Bolsonaro e único, da direita, capaz de ganhar do atual presidente.
A resposta óbvia seria Bolsonaro cortar suas asas, indicando-o ao STF ou tirando do ministério, para não lhe fazer sombra até 2022.
Só que ele não pode fazer nem uma coisa nem outra. Não pode obrigar Moro a sair de onde está e muito menos exonerá-lo, porque as pesquisas também mostram que será pior para ele se o ex-juiz cair fora do governo. Sem Moro Bolsonaro perde 50% de seus pilares – o outro é Paulo Guedes – e seu governo pode até desmoronar.
Além disso, seria um tiro no pé, pois daria motivo a Moro para se candidatar contra seu chefe e aumentaria ainda mais as chances de vitória.
Convencido de que a essa altura Bolsonaro precisa mais dele do que ele de Bolsonaro, Moro não tem o que temer.
E Bolsonaro tem um motivo a mais para não dormir direito.
ALEX SOLNIK ” BLOG 247″ ( BRASIL)