Depois de uma vitória expressiva no caucus de Nevada, o senador por Vermont Bernie Sanders está subindo nas pesquisas no Estado que fará a próxima rodada das prévias democratas, a Carolina do Sul. Joe Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama, ainda continua na liderança, mas começou a perder terreno para Sanders no Estado, que tem expressivo eleitorado negro.
Na média das pesquisas feita pelo site Real Clear Politics, Biden lidera apertado com 24,5%, seguido de Sanders com 21,5%. Depois, vêm o bilionário Tom Steyer (16,5%), o ex-prefeito de South Bend (Indiana) Pete Buttigieg (10,8%), a senadora por Massachusetts Elizabeth Warren (9,5%) e a senadora por Minnesota Amy Klobuchar (6,5%).
Há duas semanas, em 11 de fevereiro, Joe Biden liderava com folga: 31%. Tom Steyer estava em segundo, com 18,5%. E Bernie Sanders ficava em terceiro lugar, com 17%. Na sequência, vinham Elizabeth Warren (9,5%), Pete Buttigieg (5,5%) e Amy Klobuchar (2%).
Buttigieg e Klobuchar cresceram um pouco, mas Bernie Sanders deu um salto de 4,5 pontos percentuais. Biden despencou 6,5 pontos percentuais. Nessa toada, Sanders poderá chegar à frente de Biden na Carolina do Sul, o que seria um desastre para o ex-vice-presidente.
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Establishment em pânico
A liderança de Bernie Sanders na corrida democrata levou a ala moderada do partido a questionar as chances de sucesso do senador por Vermont se ele for mesmo o escolhido para enfrentar Donald Trump nas eleições de 3 de novembro. Por ora, ainda há esperança de que um moderado possa ter bom desempenho na Super Terça, em 3 de março, quando haverá primárias em 14 Estados.
Mas Sanders tem apresentado uma performance consistente, com apoiadores jovens preocupados com a mudança climática, trabalhadores interessados em obter assistência médica e um salário mínimo de 15 dólares por hora e uma classe média baixa que tem de arrumar dois ou mais empregos para pagar as contas no fim do mês.
Os moderados dizem que a candidatura de Sanders, se confirmada, polarizará ainda mais a eleição americana. Ele e Trump despertam paixões nos extremos do espectro político norte-americano.
Eleitora de Trump, Candy não quis dar o sobrenome na entrevista enquanto comprava um café ontem de manhã num hotel de Las Vegas. Na faixa dos 40 anos de idade, ela se disse fã do presidente americano, que “é um homem de negócios fazendo um grande trabalho”. Ela afirmou que não deseja “lutar pelos próximos dez anos para que a América (EUA) não vire comunista”.
Candy considera Sanders um socialista que vai interferir nos direitos de propriedade e de escolha dos americanos. Segundo ela, os jovens estão iludidos com Sanders, que não diz de onde vai tirar o dinheiro para cumprir suas promessas.
De tarde na represa Hoover, uma linda hidrelétrica em estilo art déco na fronteira entre Nevada e o Arizona, Wayne Adams, 67 anos, dava o seu passeio tradicional de moto aos domingos. Ele disse que tem vontade de vomitar quando vê Trump na TV. Acredita que Bernie Sanders pode cobrar mais impostos dos mais ricos para cumprir suas promessas e que a proposta de um “New Deal Verde” (Green New Deal) é uma necessidade para salvar o planeta e mudar a matriz energética americana.
Wayne Adams trabalhou durante 31 anos como fornecedor de concreto para a construção de cassinos em Las Vegas. Disse ter visto a morte de 13 operários nessas empreitadas. Segundo ele, Trump governa para os ricos e está destruindo a liberdade nos Estados Unidos.
Eleitores típicos de Trump e Sanders, Candy e Wayne mostram que o debate na campanha americana tende mesmo a ser mais quente do que há quatro anos, quando a candidata democrata foi a senadora Hillary Clinton.
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Efeito global
A Bolsa de Nova York está em queda por causa do impacto do corona vírus na Itália e na Coreia do Sul. Há temor de que a doença se espalhe por grandes economias e afete o crescimento mundial em 2020. Se a economia mundial crescer menos, sobretudo a China, o Brasil será prejudicado.
Crescem as dúvidas sobre a forma como a China está lidando com o vírus. É consensual a avaliação de que o impacto da doença deverá ser maior do que o da gripe aviária em 2004, porque a participação da China na economia mundial é maior agora do que no começo do século.
Por ora, o corona vírus tem tido pouco destaque na campanha eleitoral americana, mas é um tema que tende a ganhar importância. A forma como o governo Trump lidará com uma ameaça crescente também deverá ter desdobramentos político-eleitorais.
KENEDDY ALENCAR ” BLOG DO KENNEDY” ( BRASIL)