Os ataques machistas de Jair Bolsonaro à jornalista Patricia Campos Mello ultrapassaram o limite da vulgaridade, do desrespeito, da baixaria. Foi uma verdadeira cafajestada, que não só deve ser repudiada por todas as mulheres e por todos os democratas, como também precisa de resposta institucional. Ele violou o inciso 7º do capitulo V da Lei do Impeachment, a Lei 1079/50, que inclui entre os crimes de responsabilidade “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” que ocupa. Por isso deputas já se movimentam para pedir seu impeachment, embora ele já tenha dado outros tantos motivos. As deputadas de oposição já se movimentam para apresentar um pedido de impeachment dele.
É verdade que não há disposição no Congresso e nas elites econômicas para encarar o impeachment de Bolsonaro, enquanto ele tiver Guedes tocando a agenda neoliberal. Mesmo assim, é importante que o pedido seja apresentado, explicitando que temos na presidência um violador das leis. É preciso sacudir a sociedade letárgica para o lugar aonde estamos chegando.
E depois, Bolsonaro cometeu também crimes comuns: assédio sexual (quando debochou) e assédio moral (quando tentou desmoralizar), sexismo e tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa pela intimidação moral, além de calúnia e dimafação.
Ou Patrícia ou a Folha de S. Paulo devem entrar com ação por crime comum. E neste caso, para instaurar inquérito e processo, o STF terá que pedir licença à Câmara, como fez no caso de denuncias contra Temer por corrupção e obstrução da Justiça, a partir da conversa com o dono da JBS. Comprou votos e escapou. Bolsonaro precisa ter um encontro com a lei. Não está acima dela.
Certo é que tamanha cafajestada não pode ficar sem resposta, para além da nossa inteira solidariedade a Patricia, como mulher e como jornalista. E vamos ver se desta vez os donos da mídia vão além dos editoriais. Precisam desmontar o palanquinho das ofensas na porta do Alvorada. Precisam saber se seguem apoiando o governo apenas por causa da agenda de Guedes, ou se entenderam que a economia não pode justificar o obscurantismo.
TEREZA CRUVINEL ” BLOG 247″ ( BRASIL)