COMO O APOIO DE BOLSONARO ÀS VAQUEJADAS ATENDE AS MILÍCIAS

O universo de Bolsonaro gira em torno das milícias. Suas manifestações expressam, de algum modo, interesses e preocupações das milícias. A regulamentação das vaquejadas vai além de qualquer preocupação de cunho cultural. Representa apoio direto a quem Bolsonaro deve lealdade: as milícias.

Durante a Festa do Peão e Boiadeiro, Jair Bolsonaro foi sincero:
– Respeito todas as instituições, mas lealdade eu devo a vocês. O Brasil está acima de tudo. Neste momento em que muitos criticam a festa de peões e a vaquejada, quero dizer com muito orgulho que estou com vocês. Não existe politicamente correto. Existe o que precisa ser feito — disse.

No dia 18 de setembro de 2019, Bolsonaro assinou a lei 13.873/2019 regulamentando vaquejadas e rodeios, que passam a ser tratadas como “atividades intrinsicamente esportivo-culturais pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro de natureza imaterial”.

O universo de Bolsonaro gira em torno das milícias. Suas manifestações expressam, de algum modo, interesses e preocupações das milícias. A regulamentação das vaquejadas vai além de qualquer preocupação de cunho cultural. Representa apoio direto a quem Bolsonaro deve lealdade: as milícias.

Foi assim com a flexibilização do porte de armas, o desmonte dos sistemas de fiscalização ambiental, a defesa reiterada das milícias, nos seus tempos de deputado.

É por ai que se entende a defesa enfática que fez das vaquejadas.

Hoje em dia, ao lado da venda de cigarros, gasolina e bebidas, as vaquejadas se tornaram o terreno preferencial para lavagem de dinheiro do crime conseguido em venda de proteção, de gato, de gás, encomenda de assassinatos e venda de proteção e outras formas de bico.As razões são variadas.

A primeira, é a dificuldade em estimar a rentabilidade do setor, tanto nos eventos como nos leilões de animais. A segunda é que os eventos juntam grandes audiências, ambiente propício à colocação de outros produtos milicianos.Leia também:  Dono da fazenda que escondeu Adriano é o rei da vaquejada

Abaixo, algumas operações policiais recentes, em que as ligações das milícias com as vaquejadas ficam nítidas.

Operaçao Cactus

No dia 20 de abril de 2019, a Operação Cactus, de São Paulo, prendeu o pistoleiro Antônio Charles Barreto, o ‘Charlim’, de 34 anos, natural de Jaguaretama (CE).

Barreto tinha diversas acusações nas costas, por homicídio qualificado, tentativa de homicídio e execução de um subtenente da PM do Ceará. Sua quadrilha era conhecida como “Filhos do Senhorzinho Diógenes”. Preso em Itaitinga, aproximou-se das lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC). Sua quadrilha passou a trabalhar com pistolagem e tráfico de drogas na região de Guarulhos.

A receita do grupo era lavada com vaquejadas no estado de São Paulo.

Operaçao Asfixia

Em março de 2015, operação integrada das polícias de Alagoas e Pernambuco prendeu três suspeitos de assaltos a bancos. Um deles era proprietário de parque de vaquejada avaliado em R$ 500 mil e cavalos de raça analisados em até R$ 150 mil cada.

Foram presos o comerciante Iran Cardoso de Azevedo, o Celso do Gás, dono do espaço, mais Valdemir Cândido de Couto, o Milita, e Dogivaldo Fernandes da Silva, o Doginho.

Segundo a operaçao, os suspeitos usavam as vaquejadas para lavar dinheiro.

Operação Ingenium

Em novembro passado, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), deflagrou a operação que denunciou dois bombeiros militares por receber vantagens indevidas na vistoria de uma vaquejada em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.

Operação TurbulênciaLeia também:  Augusto Aras muda estatuto e troca conselho de escola do MP

Em Recife, a Operação Turbulência, da Polícia Federal, deteve quatro pessoas, suspeito de, por seis anos, ter feito caixa 2 para financiar campanhas políticas as do ex-governador Eduardo Campos (PSB). O grupo teria movimentado R$ 600 milhões.

Artur Roberto Lapa Rosal, suspeito de ser testa de ferro do grupo, era ligado em vaquejada, sendo eleito o melhor vaqueiro do Brasil pelo Portal Vaquejada.

Era conhecido como o “milionário das vaquejadas” e gostava de exibir cavalos de raça e até helicóptero. Era proprietário também de postos de gasolina, outro setor procurado pela contravenção.

Operação Pedra 90

Em setembro de 2014, a Operação Pedra 90 deteve uma das maiores quadrilhas de tráfico de crack no Nordeste. O dinheiro era lavado na compra de cavalos de raça para uso em circuitos de vaquejada em todo o país.

Depois de lavado, o dinheiro servia para compra de carros importados, imóveis, haras e fazendas.

Um dos chefes da quadrilha, Cicero Bezerra da Silva, é proprietário de um haras em Palmeira dos Índios, Alagoas, e teria negociado cavalo no valor de R$ 200 mil.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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