Com raríssimas exceções, e que aliás são justamente as que menos aparecem, o governo de Jair Messias reúne um bando de gente com características evidentes, a começar pelo próprio: a mediocridade olímpica, absoluta, sem volta, que resulta em rancor e vingança.
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Quanto mais agressivo, bizarro e espalhafatoso é o comportamento, maior o tamanho do ressentimento acumulado ao longo de anos e anos de um mais que merecido anonimato. Agora, aboletados no poder, reagem com vingança contra tudo e contra todos, em especial seus pares bem-sucedidos. Não é preciso ser Freud para entender e explicar.
Afinal, antes de se tornarem ministros do mais desequilibrado presidente da história da República (houve sérios antecedentes, porém nenhum comparável a Jair Messias), quem eram essas figuras?
Tirando o fato de ter sido funcionário da ditadura de Augusto Pinochet e de ter conseguido um dinheirão especulando no mercado financeiro, quem era Paulo Guedes a não ser um invejoso de seus pares? Alguém conhece, especialmente no meio acadêmico, algum trabalho dele, alguma proposta, alguma análise minimamente interessante?
Qualquer brasileiro razoavelmente bem informado pode concordar ou discordar, no passado, de Roberto Campos e Eugênio Gudin, ou, hoje, de André Lara Resende, Armínio Fraga, Pedro Malan, Eduardo Bacha ou do veterano Delfim Netto. Sempre foram claros e explícitos na defesa de suas ideias e propostas.
Paulo Guedes? Ora, sua proposta única está em sua frase mais notável, e pelo que se vê não era piada: se dependesse só dele, até o Palácio da Alvorada seria privatizado.
Fora do Itamaraty, alguém – a não ser, claro, o astrólogo guru do clã presidencial – tinha ouvido falar desse esdrúxulo Ernesto Araújo? Numa carreira arduamente disputada, ele saltou de figura mais que obscura para o posto mais alto. Destroçar tudo que vinha sendo construído ao longo de décadas e décadas por gente muito, muitíssimo mais qualificada que ele, é sua vingança, sua missão de vida. E está indo muito bem: graças aos seus esforços e a Jair Messias, o país passou rapidamente de causa de sérias preocupações a alvo de deboche global.
Já Ricardo Salles, o responsável por colocar o meio-ambiente em risco mortal era, esse sim, meio conhecido, mas só em São Paulo. Foi secretário particular do então governador ultracatólico Geraldo Alckmin, e depois seu secretário de Meio-Ambiente.
Sua atuação nesse último cargo teve como ponto máximo algo suficiente para merecer encantar Jair Messias: além de ter entregue 25 parques estaduais para a iniciativa privada, alterou de maneira ilegal a área de proteção ambiental da Várzea do Tietê, favorecendo a iniciativa privada que, claro, arrasou o que havia pela frente. Foi condenado em primeira instância, o que só deve ter fortalecido sua imagem junto ao presidente. Uma vez instalado em Brasília, encontrou espaço para se vingar de quem dedicou décadas de vida para criar propostas destinadas a preservar o meio ambiente.
Lá está, é claro, Damares Alves. Alguém tinha ouvido falar dessa bizarrice, pastora de uma dessas seitas evangélicas criadas para prometer o céu em troca de moedas terrestres? Foi auxiliar parlamentar de figuras do baixíssimo clero, como aquele inacreditável Magno Malta. E vira a ministra que virou: além de terrivelmente evangélica, terrivelmente absurda, terrível e irremediavelmente ridícula. Instalada no poder, seu ressentimento contra as mulheres em geral, e as de trajetória sólida e reconhecida em particular, abriu todas as portas e comportas.
Outra figura de um rancor olímpico é Abraham Weintraub. É preciso reconhecer, porém, seu altíssimo desempenho na função de pôr seu ressentimento atávico à serviço da vingança mais furibunda e arrasadora. Ignorado por alunos e desprezado por professores e colegas, provavelmente seu medo principal é ser expelido da poltrona antes de conseguir a vingança absoluta e final.
Há uma mediocridade absoluta nesse mesmo grupo e que conseguiu uma proeza ímpar: continuar tão, mas tão medíocre, que não consegue nem mesmo desatar seu ressentimento e se vingar de seus pares bem-sucedidos. Atende pelo nome de Onyx Lorenzoni, e parece bem encaminhado para o mesmo fim das águas que saem dos chuveiros Lorenzetti: sumir pelo ralo.
ERIC NEPOMUCENO ” BLOG 247″ ( BRASIL)