A Folha, ontem , dissertou sobre o óbvio: “o presidente Jair Bolsonaro tomou decisões e recuou de algumas delas com base na reação de redes sociais”.
Ora, o Twitter é o seu reino, os tuiteiros, seus súditos.
Um presidente que não tem partido, não tem base parlamentar, que está em estado permanente de conflito com a mídia, com a intelectualidade, que se envolve apenas com um círculo familiar, com militares decrépitos, com valentões fascistas e com miliciopoliciais, iria usar o que como base de suas ações?
Que Jair Bolsonaro tem como núcleo de sustentação a matilha de ódio que se desenvolveu nas redes sociais é algo há tempos sabido.
E, nestes pequenos espaços, sabe que aquilo que “bomba” é a “lacração”, o coice, a bravata, a estupizez.
A novidade é que ele, depois e um ano, permitiu que nelas se rachasse seu domínio.
Sergio Moro abocanhou a sua parte, que estava sob o controle do ex-capitão.
As concessões (se é que se pode chamá-las assim) de Bolsonaro ao Congresso e ao STF – que Moro se recusou a acompanhar – desgastaram o ex-capitão ante sua trupe.
Ele precisa, agora, de uma radicalização que desbanque Moro como o o cavaleiro da extrema-direita.
Moro tomou de Bolsonaro este lugar, com pouco esforço.
Este é o dilema do presidente: o seu núcleo essencial de apoio não lhe oferece a governabilidade formal.
Rodrigo Maia, de quem depende para ao menos tentar tocar sua agenda legislativa, é continuamente atacado pela matilha.
Os ministros do núcleo olavista só lhe arranjam encrenca.
O que não arranjam, ele próprio trata de arrumar, com ações estúpidas.
Porque, sem estupidez, não tem combustível para o ódio que arrebanhou como sustentação.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)