Nada é pior ao poder que a ilusão da onipotência.
O desfecho do caso Onyx Lorenzoni, seja uma demissão do ex-ministro (isso não é um erro, é uma constatação) ou sua continuidade no cargo – e apenas nele – tem pouca importância, como tem o próprio Onyx.
O que tem importância é o crescente isolamento de Bolsonaro.
Completado um ano de mandato e tendo como “folha de serviços” uma reforma da previdência que mais a Paulo Guedes e Rodrigo Maia se atribui, o presidente tem cada vez mais a imagem de quem ocupa o posto pro-tempore.
A “missão” de destruir o campo progressista está completada, acredita a turma do dinheiro, e seria conveniente ter-se logo um governo com o mesmo autoritarismo e um pouco mais de “modos”.
Sem traumas, mas mesmo com eles, se o personagem continuar passando dos limites ou algo trouxer alguma fúria social que Bolsonaro tampona com seu prestígio no pensamento autoritário e odioso da classe média baixa.
Bolsonaro está jogando cartadas perigosas contra seu patrimônio, esta faixa de 30%.
Teve a chance de matar politicamente Sérgio Moro na primeira grande crise, em agosto passado, mas deixou que seus instintos fossem abafados pelo general Augusto Heleno.
Deixou de seguir o provérbio português, que José Saramago registra em seu História do Cerco de Lisboa: “quem ao inimigo poupa, às mãos lhe morre”.
Não se lhe exige tais leituras, são livros com muitas letras amontoadas, mas ao menos os princípios militares de não tolerar a insubordinação deveria saber.
E sabe, porque o usou impiedosamente com Gustavo Bebianno, seu ex-braço direito civil.
Veremos se os usará sobre Onyx, imputando-lhe a culpa que evidentemente não tem no caso de Vicente Santini.
Afinal, algum factoide tem de virar mesmo um fato, ainda que arremedado, ou os factoides perderão o sentido.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)