247 – Em sua coluna na Folha de S.Paulo deste domingo (22), Janio de Freitas afirma que as revelações sobre o caso da “rachadinha” de Flávio Bolsonaro “começaram pelo que seria o seu final”.
“Logo de saída, um cheque de R$ 24 mil, como restituição parcial de um empréstimo a quem recebeu R$ 2 milhões na conta, não é explicação convincente. Tanto mais se o cheque é de um sargento da Polícia Militar para a mulher de um então deputado, estes já como presidente eleito e futura primeira-dama. A própria origem do cheque pôs em dúvida a sua lisura, dada a ligação do emitente com chefes milicianos”, explica o jornalista.
Para Janio, que elogia o “bom trabalho do Ministério Público do Rio e do Judiciário estadual”, o estágio em que o escândalo se encontra “só tem olhos para Flávio e suas (ir)responsabilidades”, e os indícios para uma investigação levada até o fim são numerosas. “Mas nem assim levam a esclarecimentos que não deveriam ser difíceis, mas parecem sê-lo. Ou, pior, por serem dados como aceitáveis os fatos que fazem o escândalo”.
O jornalista ressalta a presença de duas centenas de militares em cargos governamentais, que associam o governo e o Exército. “Reformados ou da ativa, os militares que integram esse governo fazem parte de um esquema de poder. Não participam, aí, dos ramais acusados ou suspeitos de ações, passadas ou não, como desvio de verbas públicas, nomeação e exploração de funcionários fantasmas, conexão com segmentos do crime, e outras. Mas são parte do conjunto”, diz.
Usando as famosas palavras do general Eduardo Villas Bôas, quando pressionou o Supremo para bloquear a candidatura de Lula, Janio finaliza: “(…) resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras (…)”.
JANIO DE FREITAS” FOLHA DE S.PAULO” ( BRASIL)