19% de “confiança total”no que diz Jair Bolsonaro é, ao meu ver, o mais significativo indicador do “aperitivo” publicado hoje da pesquisa Datafolha prometida para amanhã pela Folha de S. Paulo, apesar de o jornal destacar o grupo inverso, os 80% que dele desconfiam (sempre, 43%; às vezes, 37%).
É o mesmo que na pesquisa feita no final de agosto, com variações inexpressivas, de mais ou menos um 1% nos valores.
Estes são os bolsonaristas-raiz, a base sólida de seu controle eleitoral sobre a direita brasileira. São a fortaleza até agora inexpugnável para barrar o caminho de quem se queira fazer a próxima opção do conservadorismo brasileiro e que, com sua cegueira, acha que pode sugerir um “Bolsonarismo sem Bolsonaro”, igual nas políticas econômicas neoliberais , privatistas e no anti-esquerdismo mais ou menos escancarado.
Leia-se aí Doria, Huck , Moro e outros supostamente menos toscos que o ex-capitão. Nenhum deles, depois de um ano de “Mito”, quase, sequer dá para a saída numa disputa eleitoral.
Os 43% que nunca confiam são a base que têm as candidaturas progressistas, porque o autodenominado “centro” quase nunca assume a rejeição absoluta ao atual presidente, com a conversa frouxa de que apoiará “o que for bom para o Brasil”, como se alguma coisa de boa estivesse vindo de seu governo.
Amanhã, o nível de “ótimo/bom” que sua administração vier a obter deverá ficar um pouco acima destes números, sobretudo pelo “parou de piorar” econômico que se registrou até poucos dias atrás. Mas é provável que, ao redor dos 30% (eram 29% em fins de agosto) , seja uma das priores avaliações de presidente ao completar-se, na prática, um ano de governo.
Esta é a armadilha que a direita brasileira criou para si mesma. Criou uma turba extremista e selvagem como aríete para atacar a centro-esquerda que não conseguia vencer nas urnas. E, agora, não tem como ser maior e mais sólida que ela para pretender ter alternativa própria.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)