O Rabino Henry Sobel (Z’L) foi certamente o judeu mais famoso de toda a história do Brasil. Seu rosto foi durante décadas reconhecido pelas mais diversas pessoas nesse país. De pais belgas, fugidos da barbárie genocida do nazismo, ele nasceu em Portugal, quando seus pais estavam lá como refugiados. Depois da Segunda Guerra Mundial, ele e sua família foram morar em Nova Iorque, onde ele cresceu num lar ortodoxo moderno.
Estudou nas três mais importantes instituições acadêmicas judaicas de nova Iorque, na Yeshiva University (ortodoxa moderna), no JTS (conservativo/massorti), mas terminou cursando o rabinato e sido ordenado pelo Hebrew Union College (reformista/liberal). Jovem, de cabelos compridos, chegou no Brasil no começo da década de 70, no auge da ditadura militar, para ser um dos rabinos da Congregação Israelita Paulista, uma das maiores congregações judaicas de corte liberal, de São Paulo e do Brasil. O Rabino Sobel exerceu um papel fundamental na história recente do Brasil.
Em 1975, durante o caso do assassinado pela Ditadura Miliar do jornalista Vladimir Herzog, Sobel corajosamente se recusou, como autoridade religiosa, a reconhecer Herzog como suicida Isso expos o lado assassino daquele regime. Na época o rabino Sobel, juntamente com o saudoso cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e o reverendo James Wright, lado evangélico, tornaram-se vozes importantes na resistência democrática. Essa atitude firme em prol dos direitos humanos e do estado democrático de direito deve ser sempre lembrada e louvada, neste país de memória tão curta e num momento em que a democracia e os direitos humanos estão novamente sendo atacados por defensores daquele regime. Que a memória dessas nobres ações do Rabino Henry Sobel, seja para todos nós uma benção e um exemplo de como agir em tempos escuros. O sábio Hillel o Velho costumava dizer: Em um lugar onde não há humanidade, sejas tu humano.
ALEXANDRE LEONE ” BLOG 247″ ( BRASIL)
Alexandre Leone é rabino e escritor |