1) Do restante da noite após a edição do Jornal Nacional que noticiou o caso até o começo da tarde do dia seguinte havia um consenso entre mídia, políticos e membros do judiciário e do MP de que era urgente a realização de uma perícia.
2) Subitamente, entra em cena a promotoria do MP do Rio para dizer que a perícia já fora feita, sem explicar quando nem os critérios técnicos utilizados . O resultado desse trabalho indicava que o porteiro mentiu. Mas, então, por que não informaram ao distinto público que o caso já havia sido periciado logo depois do JN ou na manhã do dia seguinte?
3) Uma das promotoras envolvidas nas investigações é militante bolsonarista de carteirinha, conforme deixam claro suas postagens nas redes sociais. Isso, obviamente, lhe cobre de suspeição.
4) O açodamento com que Moro entrou na história, ameaçando convocar a Polícia Federal, como se a PF fosse uma polícia política para servir aos interesses de seu chefe, e anunciando investigações para criminalizar o porteiro, são a prova cabal de como o governo tem a temer nessa história.
5) Antes mesmo que o MP do Rio anunciasse que a tal perícia já existia, o novo procurador-geral da República, digo engavetador-geral, Augusto Aras, já atacava e ameaçava o porteiro, pedindo até seu enquadramento na Lei de Segurança Nacional.
6) Não por coincidência, a versão oficial, feita sob medida para livrar a cara de Bolsonaro, só apareceu depois que um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, publicou nas redes sociais uma checagem realizada por ele na listagem que registra o acesso ao Condomínio Vivendas da Barra. Dispensa comentários a “credibilidade” do 02.
7) Nem autoridades nem imprensa se deram ao trabalho de desmentir a informação do jornalista Luis Nassif de que o condomínio não dispõe de serviço de som, circunstância que reforça a possibilidade de o porteiro de fato ter falado com “Seu Jair” por telefone celular, ainda que ele estivesse em Brasília.
8) Tido e havido como campeão brasileiro e mundial do vazamento, por que Moro não pressionou o MP do Rio para vazar o áudio que comprovaria a tese de que autorização para a entrada do assassino no condomínio foi dada pelo outro assassino?
9) O suposto laudo da perícia, anunciado para a imprensa nesta quinta-feira, 31/10, pelos promotores do MP fluminense é repleto de falhas e lacunas técnicas.
10) Os próprios promotores admitiram que o trabalho não auditou o material original. Assim, não houve checagem de possíveis adulterações no sistema que registra o acesso ao condomínio.
BEPE DAMASCO ” BLOG 247″ ( BRASIL)