Não se tente encontrar explicações no campo das convicções legalistas ou da pureza da luta contra a corrupção. Moro e a Lava Jato sempre se moveram seguindo a lógica estreita de seus interesses. Acontece que seu maior ponto de apoio é a Globo. Como fica?
Instalou-se uma guerra mundial no reino da ilegalidade, comprovando o estado em que o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou o país, com o aval aos abusos da Lava Jato e do impeachment.
A acusação
A acusação central é que os autores do assassinato de Marielle se reuniram no condomínio do presidente da República, no qual um dos vizinhos é o suspeito principal, Ronnie Lessa. E Elcio Queiroz, motorista que conduziu o carro ao local do crime, entrou algumas horas antes do crime, dizendo que ia na casa de Bolsonaro.
Globo
As Organizações Globo se valeram de todas as armas ilegais que foram a base de seu poder nas últimas décadas: vazamentos de inquéritos inconclusos, condenação antecipada dos suspeitos, pressão indireta sobre os poderes – com a informação final da reportagens, de que membros do Ministério Público Estadual teriam consultado o presidente do STF Dias Toffoli sobre prosseguir ou não com as investigações.
Bolsonaro
Por sua vez, Bolsonaro não vacilou em acenar com os poderes de Estado, anunciando convocação da Polícia Federal e endurecimento nas regras de renovação das concessões, e a inovação do demônio como o álibi, o PT que, segundo ele, estaria aliado da Globo.
As provas
Só palavra de porteiro não basta. No Brasil, já se sabe como são feitas as salsichas e as confissões. Mas anotações da época tem valor.
De prova objetiva, se tem uma anotação no caderno do condomínio, sobre a casa mencionada pelo motorista para entrar, a 58, de propriedade de Bolsonaro. E sua afirmação de que uma voz atendeu o telefone, seria parecida com a do “seu Jair”, e autorizou a entrada.
Há que se ter uma perícia da anotação. Mas a prova final seria a análise das ligações feitas pelo porteiro, para confirmar se o destino anunciado foi o da casa 58.Leia também: STF deve julgar suspeição de Sergio Moro na segunda quinzena de novembro
Aparentemente, o vazamento se deu antes do levantamento das demais provas, expondo o inquérito a interrupções ou boicotes.
Existem outros indícios veementes das ligações de Bolsonaro com o Escritório do Crime e com as milícias.
Aqui, um mapa das ligações das diversas milícias com a família Bolsonaro.
Aqui, um detalhamento maior das pessoas diretamente envolvidas com o assassinato de Marielle.
Sérgio Moro
A Lava Jato incriminou até uma relação de emprego de um irmão de Lula com a Odebrecht, em 2002, relacionando com benefícios que a empresa teve em 2010. Como fica a situação agora?
Em sua live, Bolsonaro afirmou expressamente que a Polícia Federal irá convocar o porteiro para ouvir suas explicações. A PF está subordinada a Moro. Como fica?
Não se tente encontrar explicações no campo das convicções legalistas ou da pureza da luta contra a corrupção. Moro e a Lava Jato sempre se moveram seguindo a lógica estreita de seus interesses. Acontece que seu maior ponto de apoio é a Globo. Como fica?
Congresso
O presidente da Câmara Rodrigo Maia tem na Globo um de seus alicerces. É habilidoso, suporta Bolsonaro que, por sua vez, rachou o próprio partido.
Supremo Tribunal Federal
Entra-se, agora, em uma zona absolutamente cinzenta. A guerra mundial entre Globo e Bolsonaro é irreversível. Nos próximos dias, os dois lados irão continuar em suas demonstrações de força.
Na reportagem, o Jornal Nacional tentou forçar um posicionamento do presidente do STF Dias Toffoli. Os próximos capítulos dependerão dos seguintes fatores.
- Análise dos documentos que constam do inquérito. O STF não dará cheque em branco para nenhum lado antes de analisar as provas.
- Antes de sair, Raquel Dodge deixou duas ações criminais no Superior Tribunal de Justiça contra o conselheiro do Tribunal de Contas, Domingos Brazão, suspeito de ser o mandante do assassinato; e contra um delegado que prevaricou. Portanto, há mais inquéritos em andamento.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)