Um de meus filhos, quando bem pequeno e diante de alguma destas adoráveis bobagens que as crianças fazem – às quais a gente, fazendo força para não rir, deve providenciar o devido “carão” -fez a confissão precisa: “não fui eu, papai, foi a minha alma”. Sem saber, tinha reinventado o “sem querer, querendo” do pastelão mexicano.
Claro que sem a pureza ou a inocência do menino e a do eterno Chaves, muito ao contrário, as desculpas de Jair Bolsonaro, hoje, sobre o patético vídeo dos leões e das hienas veiculado em seu Twitter, trazem a mesma marca do “não fui eu, mas foi a minha alma”, junto com a da hipocrisia.
O pedido de desculpas que faz, através do Estadão, é daqueles que nem a velhinha de Taubaté acredita:
“O vídeo não é meu, esse vídeo apareceu, foi dada uma olhada e ninguém percebeu com atenção que tinham (sic) alguns símbolos que apareciam por frações de segundos. Depois, percebemos que estávamos sendo injustos, retiramos(…)”
Como não percebeu, se a enxurrada de símbolos nas hienas (até a ONU entrou!) é a essência da montagem tosca e idiota?
Bolsonaro pode até não ter dado a sua aprovação pessoal, mas sua alma – Carlos Bolsonaro e seu “gabinete do ódio” deram, sabendo inclusive da polêmica que iam provocar.
É a “alma” de Bolsonaro, estar sempre imerso em controvérsias e, nelas, ser o mais agressivo.
Vantagens? Muitas: sobretudo a de tirar de foco o assunto “Queiroz” e a de açular a sua rede virtual de fanáticos, que , neste momento, se esgoela sob a hashtag #HienasdeToga, pedindo o fechamento do STF e a cassação de seus ministros.
A segunda, aliás, é, para ele, a mais importante, porque o ódio é o combustível de sua máquina de destruir, que segue o mesmo princípio da Lava Jato: destrua reputações e logo terá destruído instituições.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)