O The Intercept retomou, esta madrugada, a divulgação das mensagens trocadas entre os integrantes da Força Tarefa da lava Jato, entre si e com o então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, nas quais, além de orientarem o comportamento do ex-PGR com a mídia, articulam a apresentação da denúncia contra o ex-presidente Lula no caso do sítio de Atibaia apenas no momento “mais conveniente” para “aliviar” a frustração das gravações do diálogo entre Michel Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, que enfrentavam críticas por não serem “conclusivas” e pelas indicações de que podiam ter sido editadas.
Convencidos da integridade da gravação, os procuradores esperavam que viesse a público o quanto antes um laudo da Polícia Federal sobre o áudio. Foi durante essa discussão que Santos Lima expôs seu plano no grupo Filhos do Januario 1, restrito aos integrantes da força-tarefa: “Quem sabe não seja hora de soltar a denúncia do Lula. Assim criamos alguma coisa até o laudo”. Após seu chefe, Deltan Dallagnol, se certificar de que o plano poderia ser posto em prática, ele comemorou, no mesmo grupo: “Vamos criar distração e mostrar serviço”.
E criaram, com articulação quase militar. A ideia surgiu às oito da noite do domingo (21 de maio), checou-se se haveria, em Brasília, alguma operação da PF que pudesse dividir o noticiário e, com a certeza de que não haveria, apresentaram na segunda-feira, dia 22, com grande estardalhaço.
A matéria, na íntegra e som a reprodução dos diálogos está aqui.
É mais uma indicação, depois de dezenas de outras, de que os processos criminais, em Curitiba, eram peças de uma articulação política abjeta, “coreografados” para obter o máximo de rendimento midiátido e promover o “Partido do Ministério Público” em sua caminhada para o poder.
Que terminou, como se sabe, num quadro de aniquilamento da credibilidade da instituição, que tem como inacreditável epitáfio o “quase assassinato” de Gilmar Mendes, protagonizado por Rodrigo Janot.
Gilmar, aliás, é referido numa outra mensagem, onde um procurador diz que “defende” uma “delação com Temer ou Cunha para pegar Gilmar”. Mas as delações de “encomenda” são assunto para próximos e muitos capítulos da “Vaza Jato” que estão por vir.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)