“Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso”, disse Ben Supple
Jornal GGN – O gerente de Políticas Públicas do WhatsApp, Ben Supple, admitiu que a plataforma enviou massiva e ilegalmente mensagens automatizadas durante as eleições 2018 no Brasil. A declaração de Supple foi feita durante uma palestra, nesta semana, durante o Festival Gabo, e é a primeira vez que a empresa admite que houve o uso de robôs para a remessa de mensagens.
“Na eleição brasileira do ano passado houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, foi, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a declaração do responsável de eleições, programas, campanhas políticas e assessoria de produtos e privacidade do WhatsApp.
Ben Supple está desde 2017 na empresa, encarregado de desenhar estratégias de participação com países e de construir relações com formuladores de políticas públicas. Participou da premiação para tratar das estratégias da equipe do WhatsApp para manter a integridade da plataforma em períodos eleitorais.
O executivo do WhatsApp se referiu também diretamente a grupos públicos que são acessados por meio de links e que servem para distribuir conteúdos políticos. Boa parte destes grupos estão relacionados ao atual presidente Jair Bolsonaro. “Vemos esses grupos como tabloides sensacionalistas, onde as pessoas querem espalhar uma mensagem para uma plateia e normalmente divulgam conteúdo mais polêmico e problemático”, criticou Supple.
Destacando que o WhatsApp não é favorável ao üso dos grupos como listas de transmissão” de informações, deu o recado: “Nossa visão é: não entre nesses grupos grandes, com gente que você não conhece: saia desses grupos e os denuncie. (…) O WhatsApp foi criado para abrigar conversas orgânicas, entre famílias e amigos.”
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Por outro lado, o gerente do WhatsApp disse que o uso da plataformas para campanhas políticas “não viola” as regras do aplicativo, “desde que se respeitem todos os termos de uso [que vedam automação e envio massivo]. Todos estão sujeitos aos mesmos critérios, não importa se quem usa é um candidato à Presidência ou um camponês do interior da Índia.”
Assista a palestra abaixo:
PUBLICADO PELO ” JORNAL GGN” ( BRASIL)