O cinismo, quando atinge certo grau, é tão ridículo que acaba sendo uma confissão daquilo que se quer negar.
A declaração de Deltan Dallagnol sobre o inédito pedido da Força Tarefa da lava Jato para que seja determinada a progressão do regime penal do ex-presidente Lula do fechado para o semiaberto é destas coisas de fazer corar o mais pétreo frade da Terra.
(…)uma vez cumpridos os requisitos, normalmente os réus pedem a progressão. Se o réu não pedir, é obrigação nossa, do Ministério Público pedir”…”O que estamos fazendo nesse caso é cumprir a lei como faríamos no caso dos demais presos. O ex-presidente Lula, como os demais, deve cumprir nem mais nem menos.
Falta só o violeiro dos humorísticos de antigamente tocando o clássico “que mentira, que lorota boa…”
O Ministério Público quase nunca (e a Lava Jato, nunca) pede a progressão de regime. Nos mutirões carcerários, promovidos e tempos em tempos pelo Conselho Nacional de Justiça, dezenas de milhares de presos com direito de progressão conquistados há tempos, acabam obtendo apenas por isso o regime semiaberto.
Como a entrevista era na Jovem Pan, emissora “amiga” da Lava Jato, não veio a pergunta “matadora”: para quantos outros presos vocês pediram a progressão do regime?
E a segunda, para arrematar a conversa: os promotores aceitariam o semiaberto sem a colocação de tornozeleira, pela ausência manifesta de risco de fuga?
Não existe imparcialidade possível quando o Ministério Público, no seu ódio político, assume até a posição ridícula como a que expressou Dallagnol, mentindo descaradamente, ao ponto de virar chacota pública.
Se aparecerem furinhos em suas faces imberbes, não são espinhas, é cupim.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)