Hoje em dia, Barroso se tornou um personagem de bolha, no mundo feérico das redes sociais, incensado pelo populacho, pelo baixo clero do Ministério Público e do Judiciário, e pelo empresariado mais desinformado.
Os dois atos do Ministro Luis Roberto Barroso caem como uma luva no c.q.d. (Como queríamos demonstrar) da equação persistente que trago aqui, sobre sua personalidade e seu papel na implantação do regime de terror da Lava Jato, e a irresponsabilidade institucional em relação aos demais poderes da República.
A primeira, a decisão de atropelar a própria Procuradora Geral da República e autorizar a medida inútil de invasão da sala e dos computadores de um Senador da República, por suspeitas de crimes ocorridas em 2012. Isso em um momento em que forças de equilíbrio tentam evitar um embate maior, com a CPI da Lava Toga. Foi uma operação tão inútil, mal justificada e mal concebida, que os policiais não tinham a menor ideia sobre que equipamentos recolher, o que demonstra o caráter meramente intimidador da medida. É o almofadinha, escondendo-se atrás do policial, e exibindo os bíceps para os valentões, tipo bastante conhecido em brigas de torcida ou linchamentos em geral.
A segunda, sua explicação de que “só faço o que é certo, justo e legítimo”, similar a outras do gênero, como “eu sou bom”, “eu só faço o bem”, típica dos fariseus.
A diferença é que, a primeira vez que se apregoou como o emissário do bem, a verdadeira face de Barroso ainda era pouco conhecida. Foi tratada com um escorregão, um cochilo de uma pavão. Com a reincidência, se sabe, agora, que tornou-se padrão de quem perdeu definitivamente o senso do ridículo.
Hoje em dia, Barroso se tornou um personagem de bolha, no mundo feérico das redes sociais, incensado pelo populacho, pelo baixo clero do Ministério Público e do Judiciário, e pelo empresariado mais desinformado. Tornou-se um objeto de consumo no mercado da violência, como um Datena, um Ratinho, ou um desses YouTubers vociferantes, mas com características únicas.Leia também: Causos do jornalismo: o repórter que assaltou um banco, por Luis Nassif
Nos velhos tempos da luta livre seria o almofadinha que entra no ringue de terno, cumprimenta com mesuras o juiz e o adversário, manda beijinho para a plateia, antes de iniciar o combate troca dois beijinhos com o adversário e, no primeiro minuto, enfia o dedo no seu olho, para gáudio dos adoradores de sangue.
Sua insistência em provocar crises institucionais, em interferir no jogo político, em atropelar a independência dos poderes, é de uma irresponsabilidade única, para um Ministro do Supremo.
Na vida pública se tem disso: os que aspiram a história, o reconhecimento dos seus pares, e os que se comprazem de viver intensamente o momento e se tornarem ídolos populares.
Barroso é apenas isso.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)