Denunciado, em 2016, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por crime de apologia à tortura ao homenagear, no plenário, o comandante do DOI-Codi, Carlos Alberto Brilhante, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, o então deputado Jair Bolsonaro escapou.
Hoje, com muito mais poder do que então, e maior responsabilidade por tudo o que diz, ele reincidiu no crime, desta vez parabenizando o ditador Augusto Pinochet, um dos maiores genocidas da história recente por assassinar, dentre outros milhares, o pai da ex-presidente chilena e atual chefe do Alto Comissariado para Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.
Preso a 14 de setembro de 1973, três dias depois da deposição do presidente eleito, o socialista Salvador Allende, na Academia de Guerra Aérea (AGA), o general da Força Aérea Alberto Bachelet nunca mais saiu de lá com vida, morto sob tortura a 12 de março de 1974, aos 50 anos. Em carta à mulher, Ângela Jeria, afirmou que os torturadores eram seus ex-colegas de armas. Os coronéis Benjamin Cevallos e Ramón Cáceres Jorquera foram condenados e presos pela Justiça chilena em 2012.
Alberto Bachellet e Michelle estão entre as 32 mil pessoas, inclusive crianças, torturadas, comprovadamente, durante a ditadura Pinochet (1973-1990). Mais de 80 mil foram presos e 3000 assassinados. Artistas também foram alvos. As mãos do cantor e compositor Victor Jara, um dos maiores do país, foram esmagadas por coronhadas de seus torturadores. A 16 de setembro de 1973 ele foi fuzilado, no Estádio Chile, e o corpo jogado próxima a uma favela.
Além de prender, assassinar, torturar das formas mais cruéis e covardes ele utilizou contra seus opositores de esquerda gases venenosos, como o sarin, ergueu campos de concentração, cooptou um ex-nazista e ordenou atentados a bomba.
A 30 de setembro de 1974, mandou explodir, em Buenos Aires, o carro em que se encontravam o general Carlos Prats, chefe do Exército de Salvador Allende e sua mulher, Sofia Cuthbert, no que foi o prelúdio da Operação Condor, à qual aderiram Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Dois anos depois, a 21 de dezembro de 1974 eliminou, com a explosão de um carro-bomba, o ex-chanceler chileno Orlando Letelier e sua secretária americana Ronnie Moffit, a poucos quarteirões da Casa Branca, em Washington, onde cumpria exílio depois de sair do campo de concentração da Ilha de Dawson, no Estreito de Magalhães, onde os presos eram submetidos a trabalhos forçados e mantidos em celas superlotadas, com temperaturas abaixo de zero.
Paul Schaefer, ex-enfermeiro do exército nazista alemão que vivia no Chile desde 1961, colaborou com Pinochet para deter, torturar e enterrar opositores num outro campo de concentração, apelidado de “Colônia Dignidade”.
A ditadura também desenvolveu armas químicas, como sarin, soman e tabun, o que foi comprovado quando os tribunais chilenos encontraram vestígios de sarin no corpo do ex-presidente Eduardo Frei Montalva, assassinado por septicemia após uma operação de rotina em 1982, quando começou a liderar uma oposição nascente.
Ao exaltar o modelo pinochetista, ao aplaudir os crimes hediondos do ditador Pinochet, preso entre 1998 e 2000 na Inglaterra, por crimes cometidos contra cidadãos espanhóis – Bolsonaro não deixa dúvidas de que não hesitará em recorrer aos mesmos métodos no Brasil, caso julgue necessário.
Tem que barrar Bolsonaro antes que ele prenda todos os democratas num imenso campo de concentração.
ALEX SOLNIK ” BLOG 247″ ( BRASIL)