Hoje, perto dos 90 anos, Carvalhosa comprova que há pessoas que resistem bravamente aos tempos: continua sendo uma figura publica jovem e histriônica.
Memórias de início de jornalista econômico.
Logo que passei para a Editoria de Economia, da Veja, fui incumbido de cobrir a área de mercado de capitais. O tema do momento era a nova Lei das Sociedades Anônimas, que o então Ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen começara a elaborar.
O projeto foi tocado por juristas cariocas, os grandes Alfredo Lamy, mais acadêmico, e José Luiz Bulhões Pedreira, com amplo conhecimento do mundo real.
Assessor jurídico da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Carvalhosa encheu a cabeça do presidente Alfredo Rizkallah, para ser incluído no grupo. Tanto falou que Rizkallah acabou insistindo com Simonsen. O grupo carioca cedeu, desde que Carvalhosa não abrisse a boca.
Pouco tempo depois, Carvalhosa conseguiu um rascunho do anteprojeto que estava sendo discutido e saiu pela imprensa, soltando artigos a torto e a direito.
Simonsen ficou uma fera. Chamou Rizkallah e exigiu providencias contra Carvalhosa. A saida foi a demissão de Carvalhosa do cargo e sua substituição pelo jovem advogado Aryoswaldo de Mattos Filho.
Entro na história quando a Bovespa me contratou para um frila sobre o novo instrumento do mercado, os fundos de pensão. A consultoria jurídica foi do Aryoswaldo.
Nos meses seguintes, cobri as discussões sobre a Lei das S/A. Conseguia análises substanciosas dos comercialistas Fábio Konder Comparato, do próprio Aryoswaldo e de um comercialista da PUC, do qual não me lembro o nome. Ouvia esporadicamente Carvalhosa. Mas apenas para colher imprecações contra a Lei, sem nenhum pingo de substancia.
Hoje, perto dos 90 anos, Carvalhosa comprova que há pessoas que resistem bravamente aos tempos: continua sendo uma figura publica jovem e histriônica.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)