NÃO QUERO UMA ÁRVORE PRESERVADA, SE HOUVER ALGUÉM COM FOME, DIZ GENERAL

Alguém precisa avisar aos generais brasileiros que, faz tempo, as ambições imperialistas das nações ricas não são mais a de ocupação do território dos países pobres, mas a de controlarem suas riquezas.

O general Eduardo Villas Boas, precipitando-se na decadência que, nos últimos anos, compromete toda a folha de serviços que tem ao Brasil, esforçou-se para dizer, ontem, em Brasília, que o Brasil está “sob ataque indireto” de potências estrangeiras, que se servem das questões indígenas e ambientais para pretender apoderar-se das riquezas da Amazônia.

É claro, general, que há muito olho grande ( e mão grande, também) nas riquezas brasileiras e é claro que os interesses econômicos não tem o menor pudor em usar o que for necessário para isso.

Mas, alto lá, general: é o homem que o senhor colocou na Presidência quem quer entregar áreas indígenas da floresta na mão de empresas mineradoras norte-americanas, não é? É o presidente que o senhor assessora quem vai colocar, ali do lado da Amazônia uma base de foguetes onde a entrada de brasileiros só se poderá fazer com autorização “gringa”, não é? É o seu governo quem está entregando a outra Amazônia, a Azul – o mar do pré-sal – a empresas multinacionais, não é mesmo?

Eu também não sou fã de ONGs mas convenha que nenhuma delas pode se comparar a grandes mineradoras, à Nasa, à Boeing eu às grandes petroleiras em matéria de ameaça à nossa soberania.

Soa como uma estupidez o que o senhor disse: “”Eu não quero uma árvore preservada enquanto pessoas passam fome”. Foi o que registrou o repórter Jorge Vasconcellos, do Correio Braziliense.

Está bem, general. Eu também não quero nenhuma Ferrari no Brasil enquanto houver uma criança sem escola, uma pessoa sem médico, uma família sem ter onde morar. É assim que se faz?

O desmatamento da Amazônia não se deve ao caboclo que planta uma roça de mandioca, general.

Muito menos garimpo é alternativa de desenvolvimento sustentável. Basta olhar Serra Pelada, não é?

O desmatamento da Amazônia, até pouco tempo, havia se reduzido a um sexto do que era na virada do milênio, sem que isso implicasse em qualquer perda de soberania do Brasil.

Mas, do jeito que as coisas vão sendo ditas, tanto pelo seu chefe quanto pelo senhor, parece que a mata de pé e o que resta aos índios aquilo que traz a miséria ao Brasil.

Meia-verdade, general, é pior que mentira.

Usar nossos sentimentos de patriotismo, nosso desejo de defender uma imensa região do país e a sua exploração moderada e racional para dar cobertura à ação criminosa de desmatadores e entregar nossos minérios a grandes multinacionais é perverso e indigno.

Não se vê tanto empenho em defender o país da devastação que sempre nos arruinou. Teremos um ” exército do Johnny”, bravo com os índios e manso com os “místeres”?

E general, se derrubar árvore matasse a fome dos brasileiros, pode crer, estava todo mundo de barriga cheia.

FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)

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