BOLSONARO FALA COMO TORTURADOR; NÃO PODE SER PRESIDENTE DA REPÚBLICA


Bolsonaro chega ao abismo da História (Foto: Ricardo Moraes (Reuters))

 “Se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu, eu conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro em coletiva de imprensa a respeito de Fernando Santa Cruz, incinerado no forno de uma usina de açúcar pela ditadura militar em 1974, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz.

  A Ação Popular, ou melhor, APML – Ação Popular Marxista Leninista – nunca foi um grupo armado. Jamais algum integrante pegou em armas. Não foi grupo sanguinário nem violento. Fazia apenas trabalho de conscientização das classes excluídas de sua condição e da necessidade de derrubar a ditadura, principalmente no campo. Por meios pacíficos.

  Quando eu fui sequestrado e conduzido à sede do DOI-Codi, em São Paulo, no dia 4 de setembro de 1974, o comandante, o tal Brilhante Ustra, ídolo do Bolsonaro, me levou pessoalmente à cela X-5.

  A caminho, depois de passar o dia inteiro sem poder me defender, disse-lhe que eles estavam cometendo um engano comigo, eu não era de grupo subversivo algum.

  Ele então virou-se para mim e disse:

  “Você é o Hippie da AP. E nós vamos provar”.

  Eu só conhecia a AP de nome.

   Me levou à cela em que já estava preso – e machucado em sessões de tortura – um militante da AP de verdade. Acordou-o e perguntou se me conhecia. Ele disse que não.

  Durante a primeira semana do meu sequestro, meu companheiro de cela era torturado dia sim, dia não, apesar de nunca ter participado da luta armada.

  Mas o trecho mais hediondo e repugnante do discurso de Bolsonaro é o que em que diz que pode “mostrar ao presidente da OAB como seu pai foi executado”.

  Isso me lembrou um episódio que testemunhei no DOI-Codi.

  Certa vez, um torturador fantasiado de juiz (sempre usava uma toga), chamado Romualdo, berrou na frente da cela das mulheres, ao lado da minha, a uma delas:

  “Hoje eu vou fritar os ovos do seu marido. E você vai assistir”.

  “Fritar os ovos” era aplicar choques elétricos nas genitais. 

  Bolsonaro claramente justifica a tortura em vez de demonstrar horror, como qualquer pessoa minimamente civilizada do século 21.

  Todo torturador, além de cometer crime hediondo, sem perdão nem em 100 anos, é um covarde. Não há covardia maior que surrar e dar choques elétricos numa pessoa nua e amarrada.

ALEX SOLNIK ” BLOG 247″ ( BRASIL)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *