UM CD ADMIRÁVEL DO CANTOR SÉRGIO SANTOS

O compositor e cantor Sergio Santos lançou uma preciosidade, o CD São Bonitas as Canções (Kuarup), produzido por ele e André Mehmari. Mehmari ainda gravou, mixou, masterizou e fez os arranjos, junto com Santos e com os três instrumentistas arregimentados: Nailor “Proveta” Azevedo (saxes alto e soprano e clarinete), Tutty Moreno (batera) e Rodolfo Stroeter (baixo).

O início: piano e clarinete tocam a intro de “Choro Bandido” (Edu Lobo e Chico Buarque). A voz de Sérgio Santos causa o primeiro impacto, ele e o quarteto multiplicam genialidades em toques sublimes.

Apenas voz e baixo iniciam “Preciso Aprender a Só Ser” (Gilberto Gil), cuja levada é regida pela voz de SS.


“Linda Flor – Yaya” (Henrique Vogeler, Luiz Peixoto, Marques Porto e Candido Costa) tem tratamento harmônico atualizado pelo arranjo. O timbre da voz com sax alto soa à perfeição.

Em “Maracatu Nação do Amor” (João Donato e Nei Lopes), a malemolência inteligente de Donato, exposta pelo arranjo e pela dinâmica de SS, é de fazer voar a peruca da madame.

“Samba e Amor” (Chico Buarque): o intimismo da canção é aceso pelo duo de piano e clarinete. Logo, Mehmari cria uma levada que, junto com o sax alto, faz SS se fartar de inventar divisões – a respiração se aproxima da perfeição.

“Tarde” (Milton Nascimento e Márcio Borges): ad libtum, SS vem com o piano. Logo Mehmari apresenta uma levada que permite a SS revelar a sua musicalidade – talento acentuado por agudos que como seta vão ao alvo.

“Saia do Caminho” (Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy): canção que ganha ainda mais romantismo na voz de SS. Ao prolongar as notas da melodia… meu Deus!, a afinação é seu dom.

“Futuros Amantes” (Chico Buarque): o perfeito entendimento de letras, melodias, ritmos e harmonia das músicas faz de SS um dos melhores, se não o melhor cantor da atualidade.

“Velho Piano” (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro): a voz vem amparada pelo piano, dando sustança à canção.

“Falando de Amor” (Tom Jobim): o clarinete toca a intro. SS entrega sua voz ao arranjo e o faz com o rigor notado tanto nas notas altas como baixas.

“Terra das Palmeiras”: SS traz a bela melodia de Taiguara. A emoção preenche o arranjo e a alma do ouvinte.

“Apenas o Mar” (André Mehmari e Tiago Torres da Silva): piano e clarinete tocam a intro. O teclado dedilha notas dos acordes. A canção permite a SS uma categórica e bela interpretação.

Na saideira, “Nenhum Adeus” (Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro), piano, sax alto e batera com vassourinhas iniciam a canção. O baixo cresce com a voz de SS. – todos criando boa música brasileira.

Enfim, São Bonitas as Canções é um disco para ser ouvido com os sentidos abertos, para acolher algo arrebatador e de alto nível técnico e musical. O CD até parece soar como algo irreal, como se a voz e os instrumentos fossem imaginários… mas não são: Sérgio Santos e o quarteto depuram seus ofícios, eternizando-os no momento sublime em que a música atinge o som infinito.

AQUILES RIQUE REIS ” JORNAL DO BRASIL” ( BRASIL)

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

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