Estão conseguindo acabar até com a maior alegria do futebol, o momento supremo do grito de gol.
O grito fica preso na garganta por uma eternidade, até os juízes do campo e da cabine do VAR entrarem num acordo.
Aí, qualquer que seja a decisão, já não tem mais a mesma graça. É uma emoção retardada pela tecnologia.
Deve ter gente faturando alto com isso, mas qual a vantagem para os torcedores que pagam ingresso?
Para que servem os juízes e bandeirinhas, que ficam correndo de um lado para outro, mas já não decidem nem se houve ou não impedimento?
Basta colocar o resultado do VAR no telão dos estádios, e segue o jogo, como diz o Milton Leite.
Reportagem da Folha deste domingo revela que “VAR faz acréscimos chegarem a quase 9 minutos no Brasileiro”.
São 9 minutos angustiantes que tiram a graça do futebol e não costumam ser descontados no final dos jogos.
Quem resumiu bem este estorvo, que inventaram em nome da modernidade, foi o Arnaldo Cezar Coelho, o melhor juiz que já tivemos antes do maldito VAR:
“Os árbitros perderam sua função. Você pode botar um gandula de bandeirinha”.
Eles ainda não perceberam que logo, logo vão perder seus empregos, por se tornarem dispensáveis. Restarão apenas os “árbitros de vídeo”
Arnaldo faz ainda uma grave denúncia sobre o que está por trás desta “revolução tecnológica” do futebol:
“Também não pode ser ignorado o negócio VAR. São três empresas no mundo que fazem (…) Tudo isso custa caro. Os mesmos dirigentes que estão hoje na Fifa e decidiram implantar a arbitragem de vídeo eram contra quando estavam na Uefa (…) Da forma como está, o VAR é um desastre”.
Caberia perguntar por quais motivo$ os dirigentes da Uefa, agora na Fifa, mudaram de ideia sobre o VAR.
Só falta agora implantarem o VAR nos desfiles das escolas de samba, nos concursos de bandas e de miss, nas provas do Enem, e em outras competições.
Que se cuidem os jurados e examinadores porque os empregos deles também correm riscos.
No mundo maravilhoso do VAR, o erro humano não existirá mais, e assim não teremos mais o que debater depois dos jogos de domingo, não haverá mais mesas redondas. Vão discutir o que?
Pena que ainda não inventaram um VAR para decidir quem está certo no Fla-Flu da política. Assim acabaria esta zona nas redes sociais.
Se o VAR decidiu, tá decidido, não tem mais conversa.
E quem vai controlar esse VAR? O Moro? Mas ele não é mais juiz…
Bom domingo.
Vida que segue.
RICARDO KOTSCHO ” BLOG DO KOTSCHO” ( BRASIL)