Com o dossiê Intercept, a promiscuidade da Lava Jato com o dinheiro público, as parcerias políticas e de negócios, agravadas pela anomia dos órgãos de controle, estão expondo o Poder Judiciário ao maior strip tease moral da história. Especialmente quando forem divulgados os diálogos com outros atores, os tribunais superiores e os sócios da luta anticorrupção.
O foco na Lava Jato Curitiba tem poupado até agora o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato Rio, capaz até de ofuscar Sergio Moro com suas extravagâncias imprudentes.
Assim como Moro, Bretas é dono de um estilo de escrita precário, medíocre mesmo.
Antes da Lava Jato, era um dos muitos desajustados sociais que saíram da toca impulsionados pelo método Olavo de Carvalho de autoajuda. Confira, a respeito, entrevista dada por Bretas à Revista Época, demonstrando um exibicionismo compulsivo, que foge dos padrões de normalidade (aqui) não apenas de magistrados, mas de qualquer adulto equilibrado ou com senso mínimo de ridículo.
Trata-se de um fenômeno psicossocial dos mais curiosos, um padrão psicológico tétrico, um tipo de comportamento que vem das profundezas do tecido social e se torna dominante no universo de ódio e morte da ultradireita.
Todos eles, Bretas, o Ministro da Educação Abraham Weintraub, o das Relações Exteriores Ernesto Araújo, o da Mulher, Famílias e Direitos Humanos, Damares Alves, o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, o próprio Bolsonaro e seus filhos são tetricamente semelhantes, com o mesmo arquétipo, de pessoas inseguras social e intelectualmente, se empoderando dos discursos e das pós-verdades de Olavo, e da fama rápida das redes sociais, para ganharem autoconfiança e se tornarem anjos vingativos, cultivadores do ódio e da morte como instrumentos de exibicionismo e de demonstração de poder.
Aguardo algum psicanalista social que possa explica esse fenômeno.
Bretas caiu de cabeça nas delações premiadas, permitindo que um jovem advogado completamente obscuro, de menos de 30 anos, vindo do interior, se transformasse no advogado de delação premiada mais requisitado da Lava Jato Rio (clique aqui). Até dois anos antes, o advogado tinha um pequeno escritório no fundo de uma farmácia, no interior fluminense.
Não apenas isso, como atuou politicamente para garantir a eleição de seu amigo, e também ex-juiz Wilson Witzel, criando fatos políticos contra o adversário Eduardo Paes.
Agora, tem utilizado dinheiro público, das multas pagas pelos réus, para todo tipo de gasto, em nenhum controle externo.
1-Repassou dinheiro para WItzel conseguir pagar aposentados.
2-R$ 4 milhões para aquisição de equipamentos e sistemas eletrônicos para a Lava Jato Rio. Não se tem notícia de licitação para a compra.
3-R$ 1, 1 bilhão para equipamentos para a Polícia Técnica do Rio de Janeiro. O valor é tão absurdo que considerei a hipótese de terem confundido milhão com bilhão. De qualquer modo, nos relatórios sobre o tema, a quantia vem expressa em bilhões até os centavos;
4- R$ 250 milhões para pagamento do 13º salário dos servidores do Estado do Rio de Janeiro;
5 -R$ 18,7 milhões para “viabilizar o recebimento das verbas provenientes da recuperação de valores e/ou multas oriundas da atuação do MPF em ações de combate à corrupção e destiná-las a recuperação da rede física das escolas públicas do Estado. Uma justificativa confusa. O dinheiro é para viabilizar o recebimento de verbas. Que tipo de trabalho exige tanto dinheiro assim?
Era para esses abusos terem sido julgados em junho pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Mas vários conselheiros pediram tempo para pensar.
Agora que o escândalo avança, com o dossiê Intercept promovendo um strip tease moral da Justiça, seria bom o CNJ se antecipar.
LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)