Lá de fora, em suas despropositadas férias, Sérgio Moro resolveu fazer-se de blasé e debochar das revelações do The Intercept e de seus parceiros.
Diz que estão “beirando o ridículo” e que se trata de uma “campanha contra a LavaJato e a favor da corrupção”.
Se fosse ridícula não estaria deixando todos eles de cabelo em pé, na defensiva, sumidos ou recolhidos ao bordão “hacker, hacker, hacker”.
Mas faz pior ainda em dizer que críticas ao seu comportamento e ao de Deltan Dallagnol são “campanha contra a Lava Jato” e “a favor da corrupção”.
Põe-se num patamar de Luiz XIV jurídico – ele é a Justiça e a Lei – e ao personificar em si a Lava Jato – como sempre fez, aliás – põe em risco que, de fato, toda a operação se comprometa com a derrocada de sua imagem.
A esta altura, só um tolo não percebeu que a equipe do The Intercept está dosando pacientemente a divulgação dos diálogos mais comprometedores.
“Se houver algo sério e autêntico, publiquem por gentileza”, provoca ele no Twitter.
Moro, Moro. Alguém poderia lembrar-se do que a língua é o chicote, mas nestes tempos “terrivelmente evangélicos”, seria melhor que lhe dessem o versículo 3 do livro dos Provébios, 14: ““Está na boca do insensato a vara para a sua própria soberba, mas os lábios do prudente o preservarão”.
Foi o livro bíblico assentado nos ensinamentos de um símbolo para os juízes, Salomão, com sua fama de justo e imparcial. Não lhe cairia mal, portanto.
Há dias comparei o que se passava a um jogo de xadrez onde, todo o tempo, Greenwald e o Intercept jogam com as peças brancas e, portanto, com a iniciativa.
Moro está se expondo sem razão desafiá-lo com movimentos de deboche, enquanto seu adversário está apenas ainda nos movimentos de peão, que abriram espaços na sua blindagem.
É assim que se dão os xeques.
FERENANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)