Volto ao que disse dois dias atrás: a indicação de Eduardo Bolsonaro não é um mero capricho de Jair Bolsonaro, mas um movimento para ter mais apoio político, financeiro e militar enfeixado sob as mãos de seu clã familiar.
Eduardo é uma linha aberta para um relacionamento com Donald Trump e os grupos de ultra direita norte-americanos, contornando os canais diplomáticos convencionais, com os quais, em geral, por envolverem diplomatas profissionais, há limites na promiscuidade político-eleitoral a que podem se dispor.
Com o filho, tudo fica livre das cadeias hierárquicas e administrativas naturais do Itamarati e se reduz a uma relação direta com os “Bolso”.
Se embaixador nos EUA, Eduardo terá também, na prática, o comando do próprio Ministério das Relações Exteriores, podendo opinar – ou mandar, melhor dizendo – em decisões diplomáticas envolvendo outros países. Como o chanceler de fato, Ernesto Araújo, é uma fantoche incapaz, não é demais dizer que o esquema da família controlará todo o ministério de forma quase direta.
Idem para o crescimento na influência das tratativas do capital internacional, baseado essencialmente nos EUA, com o governo brasileiro.
Eduardo Bolsonaro também porá a mão na gorda representação militar brasileira nos EUA, o único país do mundo no qual nossos adidos militares têm nível de oficiais generais das três Forças. E certamente terá peso nas escolhas dos oficiais militares e policiais enviados para fazer os famosos “cursos” nos Estados Unidos, além de se tornar personagem necessário ao acordo de cessão da Base de Alcântara e na interface entre a FAB e a Boeing no que restou da Embraer, a aviação militar, dividida ao meio.
Não se trate, portanto, como a nomeação de “Dudu” como o capricho de um pai poderoso ao filho. Não é um brinquedinho, é um canhão, apontado contra o Brasil.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)