Este blog se orgulha de, sequer uma vez, ter citado o nome da deputada Tábata Amaral. E não o fiz porque a idade nos faz dar conselhos prudentes sobretudo a nós mesmos. O olfato, o faro, aliás, é o único sentido que o tempo não nos embota.
Também não farei críticas ao fato de ela ter se bandeado para o governismo e votar contra os trabalhadores, contra o mundo de onde ela veio.
Muito menos invocarei a herança trabalhista do PDT, um dos brotos que surgiram da velha árvore do trabalhismo, decepada mas não morta pela ditadura.
Deixo que as críticas sejam feitas pelos seus seguidores, que lotam as suas páginas na internet, site e Facebook, despejando comentários que, em 90% dos casos, manifestam sua decepção com ela.
Uma deles, a professora Vanda, resume a tristeza:
Deputada…A sua dita origem humilde, os bancos das escolas, as universidades não lhe fizeram entender o que é o Brasil de maneira ampla. Sinto vergonha de representantes políticos que dizem que essa reforma é boa pro país. Destruíram a aposentadoria do professor. Sou professora e terei que trabalhar mais 7 anos, 7…. Se vc tivesse passado 1 mês numa sala de aula saberia que tirar a professora e o professor dessa condição irá prejudicar a educação que você diz defender. Serão milhares de docentes passando mal nas escolas, dando atestados médicos, depressivos, com problemas vocais e a educação vai piorar ainda mais.
Lamentável sua posição. E por favor, não compare o povo brasileiro com países onde a qualidade de vida tem outro nível. Isso é irresponsável.
Eu acreditava em vc e suas desculpinhas não me convenceram.
Como Vanda, milhares de professores certamente deram o voto a esta moça, por acharem que ela era a prova de que a educação tornava as pessoas imunes ao vírus da perversidade.
Se não fosse tão nova e se sua mente desse valor a isso, saberia da frase de Leonel Brizola: a política ama a traição, mas abomina o traidor.
A rigor, isso entristece.
Afinal, como é possível se dizer defensor da educação e não defender a justiça social, os direitos dos humildes, a proteção dos órfãos e das viúvas, a velhice sem dignidade, o trabalho até a morte?
Nenhum dos grandes educadores deixou de ser um lutador social. Alguns, como Darcy Ribeiro e Paulo Freire, pagaram com o exílio e o sofrimento por suas lutas.
Nenhum deles ganhou “apoio empresarial” para suas carreiras políticas e por ele nunca venderam suas convicções.
Nada tenho com as ações que o PDT irá tomar, não pertenço ao partido há seis anos e dele não saí expulso ou por violar seus princípios. Mas quem sai de um grande amor, aquele que nos inundou a vida, jamais pode lhe querer o mal.
Como cidadão que viveu a política por mais de 40 anos, recolhi lições.
Ulysses Guimarães, um homem que morreu um ano antes de Tábata nascer, dizia que era velho, mas não velhaco.
A senhorita prova que não é preciso ser velho para sê-lo.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)