A Folha, mal contendo o foguetório, publica o que seria, para ela, a formação de uma “maioria” a favor da reforma previdenciária apresentada pelo governo Bolsonaro e modificada na Câmara dos Deputados.
O resultado, porém, é de um empate, o que é quase um milagre, depois de seis meses de martelamento contínuo de que, sem ela, o país não sairá da crise econômica e a chantagem explícita sobre os aposentados de que não aprovar a reforma faria com que seus proventos não fossem pagos.
Estimulou-se um raciocínio que, se descrito com crueza, é apavorante: garanta o seu e danem-se os seus filhos e netos.
A prova disso é que em nenhum outro grupo de ocupações o apoio à mudança na previdência é justamente o de quem não será afetado por elas: os aposentados. Entre estes, apenas 32% são contrários, enquanto entre os trabalhadores na ativa -assalariados – a rejeição supera os 50%.
A reforma que veio para “acabar com os privilégios” é maciçamente apoiada pelos privilegiados do país: tem 69% de apoio entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, contra apenas 26 por centro.
É claro que o masoquismo não e tornou uma epidemia. O que está acontecendo é uma campanha de desinformação, que envolveu muito dinheiro e, sobretudo, muita mistificação.
Não se discute que o país precisa reformar seu sistema previdenciário à medida em que muda a estratificação etária da população e ampliam-se as expectativas de vida.
Mas o que está por se fazer é algo bem diferente: rebaixar os valores que serão pagos aos aposentados, elevar o tempo de contribuição numa sociedade que cada vez mais rejeita o trabalhador maduro e condenar os que não alcançam o tempo contributivo ao trabalho eterno.
O dinheiro, que o sistema previdenciário faz fluir para a base da sociedade e irriga a economia inverte o fluxo e vai garantir, com mais folga, o repouso remunerado do capital.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)