Quando um vice-presidente da República senta na cadeira do primeiro mandatário por algumas horas, manda o bom senso não usar muito a mão, assinando, nem a boca, falando.
Portanto, não foi por acaso que o general Hamilton Mourão pediu para gravar a conversa com Guilheme Amado, da Época, onde disse que os “olavistas” tinham sido chamados ao bom comportamento e que o filho pitbull de Twitter do presidente, Carlos Bolsonaro, havia “sumido”.
— Alguém chegou para essa turma (os olavistas) e disse: “Chega”. Acho que o próprio presidente pode ter feito isso.
— Foi o presidente que fez isso?
Não sei.
— O ministro Augusto Heleno?
— Não sei.
— O vereador Carlos Bolsonaro parece ter sido controlado. Foi?
— O Carlos sumiu.
Sete e meia da manhã, o objetivo foi alcançado: “Carluxo” reapareceu e apelou novamente para o debate de questões morais, tuitando:
“Saudades do Presidente que é pró-armamento da população e contra o aborto. Volte logo Presidente de verdade!”
Pronto, lá se foi a trégua de um dia desde que Joice Hasselman e o Major Olímpio se pegaram em pleno Congreso, ainte das câmeras de televisão.
Bolsonaro até pode ouvir conselhos para ficar quieto mas acho difícil que resista a defender o filho, notoriamente alguém que “se garante”, como ocorria quando éramos moleques de rua, no “papai” ferrabrás.
Para variar, promete-se outra lavagem de roupa imunda em público.
Na entrevista, sob a formalidade de repetições do “é Bolsonaro quem manda” e de um misterioso plano “only for your eyes” que entregou ao presidente, Mourão dá a entender que o chefe “se enquadrou” e que vai agir com equilíbrio, desde que lhes permitam desequilíbrios pontuais e a polêmiva da estupidez, como no caso da cadeirinha de bebês nos automóveis:
— Ele pensa de maneira setorizada.
O que é o mesmo que dizer que Jair Bolsonaro não tem um conjunto de ideias capaz de compor um projeto para o país.
Ou que eles, militares, o têm, se o chefe não atrapalhar.
FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)