Aprendia-se, antigamente, que política era a arte da persuasão, do convencimento, da formação de, tanto quanto possível, de consensos ou maiorias.
Na era Bolsonaro, a definição é outra: é a de obter a imposição de sua vontade pela intimidação, pela ameaça, dela desqualificação e o medo da “reação pública”, ainda que esta possa ser o “ibope de aeroporto” no qual um fanático e um vídeo de celular servem para arruinar a imagem pública de qualquer um.
O aparente recuo de Jair Bolsonaro, depois da previsão de “tsunamis”, após o “texto apavorante” onde se dizia “sequestrado” pelas corporações, depois de chamar de “idiotas” os que se manifestavam contra os cortes da educação só pode enganar a quem não percebeu a natureza do seu projeto imperial.
O desprezo do atual presidente pelos poderes Legislativo e Judiciário é tanto que nenhum constrangimento lhe causa conduzi-los pelo medo da crise em que pode metê-los, apontando-os como responsáveis pela ingovernabilidade.
A recuar apenas formalmente de seu apoio aos atos de domingo quer parcecer dissociado tanto de seu fracasso anunciado quanto do excessos previsíveis de seus participantes ” olavetes, intervencionistas, católicos e templários“, na definição da coordenadora de um dos aglomerados bolsonaristas que os convoca.
Em parte, porém, seus objetivos foram alcançados, com a visita dócil do presidente do STF, ontem, ao Alvorada e com a decisão de Rodrigo Maia de destravar os trabalhos do Congresso.
Os regimes fascistas não se impõem apenas com a ousadia dos autoritários, mas com a covardia dos democratas.
FERNANDO BRITO ” BLOF TIJOLAÇO” ( BRASIL)