O presidente Jair Bolsonaro está sob pressão, no modo caminhão-sem-freios-descendo-a-ladeira, e obviamente isso é um perigo. Adepto da lógica do confronto, ele puxou para briga os milhares de jovens que foram às ruas na quarta-feira ao chama-los de idiotas e imbecis. Hoje, em Dallas, foi mais longe ainda na defesa do filho, senador Flávio Bolsonaro, que teve o sigilo quebrado sob acusação de lavagem de dinheiro na investigação do Caso Queiroz.
”Estão fazendo um esculacho em cima (do senador). Fizeram aquilo para me prejudicar. Querem me atingir”, disse o presidente da República aos jornalistas numa entrevista em que esbravejou contra a imprensa, o Congresso, os manifestantes…
Se Bolsonaro não tomar urgentemente uma maracujina e baixar o tom, vai criar mais problemas para si mesmo. No caso dos 95 pedidos de quebra de sigilo, ele poderia até obter algum apoio em relação à amplitude da medida. Poucas vezes se viu devassa tão grande, e claramente há um objetivo do Ministério Público de cercar a família Bolsonaro, ex-assessores e agregados. Mas se, como diz Bolsonaro, é tudo “esculacho” político contra ele e o filho, não haveria razões para temer.
O andar das investigações aponta que não é bem assim, e há na imprensa informações sobre elementos reforçando a acusação de lavagem de dinheiro na compra e venda de 19 apartamentos no Rio. No Senado, o clima começa a ficar constrangedor para Flavio, e já se fala em comissão de ética. Por isso mesmo, o pai presidente, se tivesse cabeça fria, poderia se preservar um pouco, em vez de sair em sua defesa incondicional, abraçando o filho como fez hoje.
No Congresso, caiu mal agora pela manhã o desdém do presidente em relação à governabilidade. Na entrevista, ele questionou as “ pressões” que viria sofrendo pela tal governabilidade e disse que não vai ceder.
O descontrole do presidente preocupa gregos e troianos, governistas e oposicionistas, porque ainda não se completaram nem cinco meses de governo e virá muita coisa pela frente para testar os nervos de Bolsonaro – no Caso Queiroz e nas ruas.
O que todo mundo quer saber hoje é onde irá parar esse carro desgovernado, que ameaça atropelar todos nós.
HELENA CHAGAS ” BLOG OS DIVERGENTES” ( BRASIL)