MERVAL: MORO E OS MILITARES FORAM ” BOBINHOS” EM APOIAR JAIR

CHARGE DE MONTANARO

A coluna de Merval Pereira, hoje, em O Globo, é um sinal de que a direita brasileira está, de fato, apavorada com o monstro que ajudou a criar com a ascenção de Jair Bolsonaro à Presidência.

O antigo guru da direita, substituído no posto por Olavo de Carvalho, se desespera com o desequilíbrio daquilo que chama de ” tripé de credibilidade do governo”: o núcleo “mercadista-policial” – representado por Paulo Guedes e Sérgio Moro – , os militares e a militância de extrema direita que, afinal, se tornou a expressão do conservadorismo na opinião pública.

O tripé de credibilidade do governo está sob fogo cerrado da ala radicalizada do bolsonarismo, com o aval, quase sempre indireto, do próprio presidente, convencido pelo filho tuiteiro Carlos e por seu guru esotérico Olavo de Carvalho, de que enfraquece-lo é fortalecer um governo populista de comunicação direta com os cidadãos através das novas mídias sociais.

Assim, Paulo Guedes estaria sendo contrariado pelas promessas de “bondades” econômicas – controle de preços, correção do IR, etc…- e pela fraca defesa da reforma da Previdência, Moro, pelo desinteresse em manter seus instrumentos gestapianos de investigação, como o Coaf, e pela exposição causada pela sua precoce “indicação” ao STF.

Moro, de candidato natural à presidência da República na sucessão de Bolsonaro, passou a ter que engolir sapos enquanto faz hora para ir para o Supremo Tribunal Federal. Foi essa a mensagem implícita da fala de Bolsonaro, ao dizer que a primeira vaga que abrir no STF será dele. Transformou-o em um subalterno sem grandeza, substituível, o que até agora parecia impensável.

Já os militares, na visão de Merval, caíram numa espécie de “conto do vigário”, pois Bolsonaro, neles estaria interessado “na aura de credibilidade que dão ao seu ministério, não nas suas ponderações ou posturas democráticas, garantidoras da estabilidade”.

Merval, é claro, esqueceu-se de falar no “quarto poder”, o principal para a consumação da chegada ao poder deste grupo extremista: a mídia, na qual ele próprio é uma das fachadas falantes, que achou que Bolsonaro no poder seria um doce e simplório cumpridor de suas pautas econômicas conservadoras, que se contentaria em divertir-se com alguns brinquedos de controle comportamental da sociedade.

Reclama da hegemonia alcançada pelo bolsonarismo-raiz, como se projetos autoritários pudesem ter controle e não uma dinâmica própria quando são personificados por alguém com suas “razões absolutas”. Ora, não foi assim que fizeram com Moro e, hoje, se ensaia com Bolsonaro, com poderes muito maiores?

Merval, como tantos que enchem a boca para fazer autocrítica, ao menos poderia fazer o “mea culpa” de ter sido um dos que achou que Bolsonaro, no poder, não seria um “bolsonarista”.

Mas é. E será, enquanto durar.

E quem, sob qualquer pretexto, não reconhece que este é o maior perigo à democracia brasileira não apenas foi, mas continua sendo seu cúmplice.

FERNANDO BRITO ” BLOG TIJOLAÇO” ( BRASIL)

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