Após dez anos de prisão, Jerominho e Natalino voltam às ruas do Rio. Em entrevista exclusiva ao EL PAÍS, eles negam participação no grupo criminoso, falam sobre erros do passado. “Fernandinho Beira-Mar é um camarada que te dá aula, faz um trabalho psicológico para você resistir à dureza da cadeia”
Rio de Janeiro 8 MAI 2019 – 10:43 BRT
O clã Guimarães, liderado por Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, 70 anos, compartilha uma história marcada pelo ferro das grades da prisão, fogo das pistolas e a sombra insólita do homem-morcego. Nos anos 70, Jerominho e o irmão, Natalino, eram policiais civis de destaque em Campo Grande, na empobrecida e super populosa zona oeste do Rio de Janeiro. “Sempre fomos captureiros mesmo, a gente ia pra cima”, diz o caçula, 64. O primogênito emenda: “Cansei de sair correndo de casa para defender morador, já saía trocando tiro com vagabundo”. Trilharam o caminho da vida pública: um se elegeu vereador em 2000, e o outro, deputado estadual em 2006. Mas o castelo da família logo veio abaixo. Foram presos em 2007 e 2008 e condenados em primeira e segunda instância por chefiar o maior grupo miliciano do Rio de Janeiro, a Liga da Justiça, responsável por extorsões, assassinatos e outros crimes enquanto usava símbolos de super-heróis como marca política, em especial o do Batman. Ambos, que sempre negaram as acusações, ficaram mais de dez anos na cadeia. De volta às ruas desde setembro de 2018, os irmãos agora lutam para reerguer o império político —enquanto desfrutam da companhia dos netos e bisnetos nascidos nos tempos em que estiveram no cárcere.
- Marcelo Freixo: “O que separa o fanatismo da democracia é o convívio com a diferença”
- Nem da Rocinha: “Não me arrependo de ter sido traficante. O você faria no meu lugar?”
- Lula e Marielle, símbolos de duas esquerdas separadas nas ruas
“Ali é onde eu passo a maior parte do tempo desde que saí da prisão”, diz Jerominho, e aponta para uma churrasqueira ao lado da piscina no imóvel confortável que o patriarca diz ter construído ao longo das últimas três décadas. Foi na casa, em uma rua tranquila de Campo Grande, que os irmãos receberam a reportagem do EL PAÍS na semana passada.
No lado de fora, nem tudo é pacato ou familiar. A meta do clã de reconquistar a influência ganha complexidade porque as ruas de Campo Grande não são as mesmas de uma década atrás. O mundo a que Jerominho e Natalino (apelidado de Mata Rindo nos tempos de policial) estavam acostumados mudou de escala. Na época das prisões, a Liga da Justiça movimentava, de acordo com um delegado da região, cerca de 2 milhões de reais por mês frutos da exploração do transporte alternativo, uma das principais formas de rentabilidade da milícia. Com os grupos paramilitares em franca expansão —eles já atuam em 14 cidades do Estado do Rio e nada menos do que 26 bairros da capital fluminense—, agora estima-se que as milícias, incluindo a Liga, movimentem nada menos que 25 milhões mensais só com as vans que controlam. Os negócios se diversificaram: da venda de botijões de gás com sobrepreço à construção de imóveis para aluguel (como o que desabou em Muzema), quase tudo passa pelas mãos das milícias na zona oeste. O topo da organização fundada pelo clã também mudou. Historicamente comandada por policiais, a Liga da Justiça está desde 2007, segundo a polícia, nas mãos de um civil, Wellington da Silva Braga. Conhecido como Ecko, Braga é irmão de Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, conhecido como o miliciano que uniu a Liga da Justiça ao tráfico.
“Ele devia ser um jovem quando fomos presos”, diz Jerominho, garantindo que não conhece ou tem ligações com Ecko. O patriarca vai além e não descarta um embate futuro com a Liga da Justiça. “A milícia é ruim. Esses bandidos que estão aí e são milicianos é ruim pra todo mundo. Não sei que horas eles vão vir aqui querer confronto com a gente, porque a gente desagrada eles [pelas críticas feitas aos milicianos]”. Apesar da avaliação, ele afirma não ter recebido nenhuma ameaça, e descarta a contratação de seguranças. “Nunca tive segurança, nunca paguei por isso. Mas alguns policiais vinham aqui e se arvoravam dizendo que eram seguranças meus”, diz. Desafia, de todo modo: “Se o governador montasse um grupo pra acabar com essa porra de milícia, eu gostaria de comandar.”
A origem
Jerominho fala acompanhado pela filha Carminha, 41, que também conheceu o interior de um presídio: ficou 40 dias presa em 2008 por crimes eleitorais (outro filho de Jerominho, Luciano, ex-policial militar, está preso até hoje condenado por participação na milícia). Carminha conseguiu a proeza de se eleger vereadora de dentro da penitenciária federal de segurança máxima de Catanduvas, no Paraná, com mais de 22.000 votos. Segundo as autoridades, ela foi detida por ter se beneficiado de um curral eleitoral organizado pela Liga da Justiça na zona oeste, que impediu outros candidatos de realizarem campanha na região. Em 2009, ela teve o mandato cassado por arrecadação irregular de verba, mas voltou ao cargo em 2011 por decisão do Tribunal Regional Eleitoral. A herdeira política tentou se reeleger sem sucesso em 2012, e desde então se dedica a cuidar de dois restaurantes e negócios da família.
Apesar das condenações por formação de quadrilha, toda a família nega ter chefiado ou atuado na Liga da Justiça ou em qualquer grupo miliciano, daí o forte discurso de rechaço. O patrimônio do clã, segundo eles, foi construído com o trabalho na polícia, alguns negócios feitos com imóveis e um comércio de cilindros de oxigênio. Os irmãos foram absolvidos em ao menos um processo no qual eram acusados de tentativa de homicídio envolvendo motoristas de van. As negativas, porém, contrastam com o destaque dado ao grupo no relatório final da CPI das Milícias, coordenada pelo então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em 2008. O nome de Jerominho foi citado 96 vezes, o de Natalino, 116 e o de Carminha, 31. Todos foram indiciados como milicianos no documento, ainda que os irmãos já estivessem presos.
CAMPO GRANDE, O REDUTO DA FAMÍLIA GUIMARÃES
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e elaboração própria. EL PAÍS
“Essa CPI foi irresponsável e mentirosa”, afirma a herdeira da família. O patriarca, no entanto, reconhece que pode ter sido favorecido politicamente por estes grupos criminosos. “A gente dizia ‘olha, a área lá tem um fulano [policial e miliciano] que não deixa vagabundo [traficante] entrar’. A gente ia fazer campanha política lá e era bem recebido. Por que os caras eram polícia, a gente era polícia”, diz Jerominho.
O ex-vereador pelo PMDB não abre mão de diferenciar a milícia “de antigamente” da dos tempos atuais. “Com a chegada do tráfico aqui na zona oeste, lá por 1996, houve uma violência tremenda. E nas comunidades carentes daqui moram vários policiais e agentes penitenciários. A população com medo e os policias das comunidades se uniram e criaram [as milícias]. Expulsaram os vagabundos do local para ter condições de sobreviver. Isso que se chamava de milícia antigamente. Surgiu como defesa dos próprios moradores por falta de poder público”, argumenta. Já os grupos atuais “se aliam com traficantes e extorquem morador e comerciantes”.
A construção do folclore em torno dos Guimarães passa pela adoção de símbolos. O uso do logotipo do Batman, que se tornaria marca registrada da milícia Liga da Justiça e também da família de Jerominho, teve origem durante as campanhas políticas dos dois irmãos. “A gente ia nas comunidades e, se não levasse alguém vestido de super-herói para interagir com as crianças, a gente não conseguia andar”, diz Carminha referindo-se à popularidade do pai e do tio. “A gente vestia o pessoal de Batman, Robin e Mulher Maravilha”. Em alguns muros de Campo Grande ainda se vê o morcego pintado com spray. Seu pai explica que, posteriormente, um policial e miliciano de nome Ricardo Teixeira Cruz “se apropriou” do nome Batman. “Alguns cabos eleitorais me ajudavam, um deles era esse rapaz. Aí eu levei ele para Cosmos [bairro vizinho a Campo Grande] e ele ficou com esse apelido [Batman]. Mas isso era criação nossa! Era estratégia de campanha”, explica Jerominho. Cruz foi preso em 2008, fugiu do presídio de Bangu 8 pela porta da frente. Foi recapturado meses depois e levado para a penitenciária federal de Mossoró (RN), onde cumpre pena até hoje.
A reconstrução do império
O renascimento do clã em Campo Grande é um desafio que depende de esforços em duas frentes. A primeira, de cunho político: “A gente é candidato forte em qualquer pleito eleitoral. A população de Campo Grande sempre me apoiou, sempre apoiou minha família. Me arrependo de ter entrado [na política], mas, agora que entrei, não vejo a possibilidade de sair”, diz Jerominho, sem confirmar, no entanto, se e quando ele ou algum outro familiar disputarão eleições.
Campo Grande e Santa Cruz, bairros onde eles têm grande influência, são alguns dos maiores colégios eleitorais do Rio. “Eu me sinto com capacidade para representar a população em qualquer casa de poder, principalmente depois dos 11 anos de cadeia que eu tomei“. O caminho natural seria que a filha disputasse a próxima eleição. “Uns 60 policiais já passaram aqui em casa desde que a gente saiu do presídio. Vários vieram dizer que vão te apoiar, Carminha! Cara de muito voto!”, incentiva Jerominho.
Mas após os dez anos de prisão, o chefe da família se mostra mais cuidadoso com relação aos eventuais apoios recebidos. “Tudo é o amadurecimento. Várias pessoas vem aqui em casa, vários policiais que não me conheciam querendo me conhecer. Eu recebo todo mundo na minha casa, mas hoje vou olhar e averiguar legal, eu não quero esse tipo de contato [com milicianos]. Vou fazer uma seleção melhor das minhas amizades. Já apanhei por causa disso. Meu inimigo se aproveitou de uma situação e colocou a gente como miliciano. Errar uma vez é humano, errar duas…”
O outro passo para reerguer o nome Guimarães é a reconstrução do centro comunitário que leva o nome do primogênito —o original fechou as portas após a prisão dos irmãos. Antes das condenações, a família administrava um bem-sucedido equipamento onde era oferecido atendimento médico, jurídico e cursos gratuitos para a população, o que ajudou a construir a reputação do clã e conquistou eleitores numa área carente do Estado. “Vamos reerguer o centro social que tem o nome do meu irmão e do nosso pai, que era Jerônimo. Vamos lutar até o fim pela população da zona oeste, Santa Cruz, Campo Grande e Bangu”, diz Natalino. Eles já contam com um terreno e, segundo eles, também com voluntários, para construir e trabalhar no local, que será financiado “com o dinheirinho que eu tenho de aposentadoria e aluguéis que recebo, além de doações”, diz Jerominho. Estão previstos na planta oito consultórios médicos, dois odontológicos, salas de aula e fisioterapia. “A honra da segunda casa será melhor do que a primeira”, escreveu ele em uma rede social. Como um político dos novos tempos, posou junto com uma foto do projeto do centro.
Jerominho afirma não ter votado em Jair Bolsonaro. O capitão do Exército tem um histórico de declarações favoráveis às milícias, e seu filho Flávio chegou a empregar familiares de milicianos no gabinete. “Não votei no Bolsonaro e falei pra minha família não votar, mas minha mulher votou. O cara quando está preso não manda mais em nada”, lamenta. Mas ele torce para que o Governo “dê certo”. Por duas eleições o voto de Jerominho foi para o ex-presidente Lula: “A gente acreditava nele. Quem não acreditaria num cara que vem de uma luta…Foi minha esperança”, diz. Após a prisão e as denúncias de corrupção envolvendo o petista veio a desilusão. Mas o chefe do clã Guimarães faz uma ressalva: “Antes eu pense ‘poxa, tremendo safado, roubou pra cacete!’. Mas agora começo a ver o Lula como uma vítima, como a gente foi também. Pode ser que ele tenha culpa no cartório por alguma coisa. Mas não posso fazer um julgamento pelas notícias do jornal”.
Embates com Cabral
Jerominho fala sorridente e descontraído, a não ser quando o assunto é Sérgio Cabral. Ele fecha o semblante, os punhos e se levanta da mesa ao falar sobre o emedebista ex-governador do Rio, atualmente encarcerado por envolvimento no esquema investigado pela Operação Lava Jato. “Ele nos fabricou como bandidos. Fomos presos pelo número um do Estado do Rio e pelos amigos dele, os desembargadores, juízes, promotores, autoridades e comparsas”, diz. Para os irmãos Guimarães, ligados a ala do PMDB de Anthony Garotinho, Cabral agiu nos bastidores influenciando parte do Judiciário e da polícia para tirar os dois de circulação. Eles não apresentaram provas disso, e tampouco quiseram citar nomes dos envolvidos “para evitar mais problemas”.
Jerominho conta que dois eventos políticos marcaram a relação entre ele e Cabral, tornando-os inimigos. O primeiro foi um puxão de orelha dado no governador durante comício em Campo Grande. “Eu reuni a comunidade para ouvir ele, que na época era presidente da Assembleia Legislativa do Rio. Depois que ele falou que eu peguei o microfone e fui discursar. Ele ficou de conversa paralela. Aí eu disse ‘ô Cabral, porra, eu to falando com o público agora, você pode ficar quieto aí? Eu fiz a reunião pra você, mas também preciso ganhar voto!”, conta. O rompimento foi sacramentado anos depois, durante reunião do emedebista com vereadores. “Ele chamou a gente e foi impositivo. Disse ‘vocês vão apoiar o Eduardo Paes‘. Tínhamos simpatia pelo Paes, mas o Cabral falou como se a gente estivesse no bolso dele. Ficou todo mundo quietinho. Ai eu disse: ‘Porra nenhuma. Não é assim não, governador’. Ele guardou aquela mágoa. Ficou quietinho e esperou [a hora de se vingar]”.
“Desde que foi presa, a dupla Natalino e Jerominho se somam à Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar [traficantes] em declarações de hostilidade ao ex-governador, consequência do trabalho realizado na Segurança Pública do Rio de Janeiro”, rebate a defesa de Cabral.
“A gente sempre teve um procedimento legal. A gente prendia um bandido, a gente não esculachava. Prendeu, algemou, levou pra prisão. Nunca matamos ninguém na covardia, matamos trocando tiro”
Fernandinho Beira-Mar, o professor
Dos tempos da cadeia sobraram o ressentimento com Cabral e as histórias que mostram sua influência mesmo atrás das grades. O ano é 2008 e Jerominho se descreve como um homem apreensivo que caminha pela galeria do Presídio Ary Franco, conhecido como Água Santa. O local é porta de entrada de todo o sistema prisional fluminense, e recebe presos de facções criminosas como Comando Vermelho e Amigo dos Amigos. “Do corredor eu olhava para dentro das celas e via rostos conhecidos de gente que eu tinha prendido”, diz. Enquanto se dirigia para sua cela, pensou: “Porra, o Cabral tá querendo me matar [por tê-lo supostamente transferido para lá]”. Policiais, assim como estupradores, são presas fáceis dentro do convívio geral de um presídio. À sua frente, parado no corredor, ele diz ter visto um “negão gordo com cara de sorridente”. Era um preso que desempenha o papel de faxina na galeria, responsável pela distribuição da marmita e outras tarefas. “Eu achei que era deboche. Fiquei puto. Aí eu falei: ‘Tu tá rindo de que, porra?’. Eu já queria briga, até para extravasar e me impor”. A resposta veio calma: “Não, senhor Jerominho, não tô rindo, não, minha família toda é atendida no seu centro social. Eu estou rindo para o senhor. Sou de Campo Grande”, conta, orgulhoso.
Jerominho também diz que a segurança dos irmãos nesses presídios onde havia presos comuns era garantida pela conduta prévia que ambos tinham na rua como policiais. “A gente sempre teve um procedimento legal. A gente prendia um bandido, a gente não esculachava. Prendeu, algemou, levou pra prisão. Nunca matamos ninguém na covardia, matamos trocando tiro. Os bandidos, cabeção mesmo, nos conheciam de nome”, diz.
O ex-vereador não ficaria muito tempo no presídio comum. Foi transferido para o sistema federal. Cumpriu pena em praticamente todas as unidades: “Fiquei em Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN). Essas são as piores do mundo. Você fica lacrado. Eu pensei que ia morrer na cadeia. Ficamos como que congelados no sistema”. Na prisão federal de Campo Grande ele conheceu o traficante Fernandinho Beira-Mar, liderança histórica do Comando Vermelho, preso desde 2002. “Ele chegou e falou: ‘Poxa, Jerominho, te conheço. O que houve com esse negocio de milícia?’. Aí expliquei que eu não tinha nada com milícia, nunca participei disso, mas acontece o seguinte, estava demais o tráfico na nossa região… Aconteceu. Aconteceu. O que eu posso fazer? Teve milícia, sim, sem minha participação”.
A admiração de Jerominho pelo traficante é evidente. “Hoje ele tem uma mente privilegiada e estuda de tudo. É um camarada que te dá aula. Ele dava aula pra gente. Aula jurídica e de conhecimento dos temas da vida. É super inteligente, e faz um trabalho psicológico com você para você resistir à dureza da cadeia”, conta. “A gente não pode esquecer que ele foi um brasileirinho abandonado. Ele é fruto e consequência de um mau governo. Não podemos esquecer isso. A vida dele, como foi? Pulando vala de esgoto? Vendo as pessoas com tênis mais bonito que o dele e ele descalço?”.
Jerominho é trazido de volta para o presente por um vizinho, que o cumprimenta gritando do portão da casa, de onde se vê uma imponente palmeira ornamental. Ele segue refletindo: “Todos nós seres humanos somos violentos de acordo com a nossa situação. Eu posso ser violento, você pode ser violento, com sua caneta. Nesse momento eu estou quietinho, saí da cadeia e quero paz, tranquilidade, fazer churrasco, curtir minha família, netos e minha bisneta”, diz ele, contradizendo as palavras de momentos antes, de que se engajaria, se houvesse como, numa ofensiva contra as milícias. A esta altura, o ex-manda-chuva de Campo Grande jura que vai fugir do roteiro do personagem Michael Corleone no filme O Poderoso Chefão III: “Quando eu achei que estava fora, eles me puxaram de volta”, lamenta o patriarca do cinema na trilogia. Os próximos capítulos do clã, sob a sombra do homem-morcego que ainda paira sobre a zona oeste, dirão.
O QUE SÃO MILÍCIAS?
Milícias são grupos paramilitares que surgiram no Rio de Janeiro à partir do final de década de 1990. Criadas por policiais militares e civis da ativa ou da reserva, bombeiros e agentes penitenciários, elas começaram como uma espécie de força de defesa contra a entrada de traficantes em bairros da baixada fluminense e zona oeste do Rio.
Posteriormente começaram a cobrar proteção de comerciantes e prestadores de serviço (como transporte alternativo), além de explorar serviços de gás e de televisão à cabo. Se envolveram em uma série de crimes como homicídio e extorsão. A Liga da Justiça é considerado o maior grupo miliciano do Rio.
As digitais das milícias podem ser encontradas no assassinato da juíza Patrícia Aciolli, em 2011, e também no da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018.
GIL ALESSI ” EL PAÍS” ( ESPANHA / BRASIL)