O CASAMENTO INDISSOLÚVEL DO SAMBA E DO CHORO

Desde os anos 30, samba e choro convergiram para uma mesma base melódica e rítmica.

Primeiro, foi o samba bebendo nas águas do choro. Noel Rosa é o grande destaque, com obras-primas como “Conversa de Botequim”, “O X do problema” e outros clássicos.

Mas o grande autor do samba chorado foi Assis Valente, nas composições interpretadas por Carmen Miranda, das gravações dos anos 30 até os clássicos com o Bando da Lua, quando é descoberta por Hollywood. Aliás, especialmente nesse período dos anos 40, quando a interpretação se moderniza, pode-se conferir a estupenda cantora que era Carmen, não apenas no uso do sincopado, como nos recursos da fala satírica, recurso que apenas Elizeth Cardoso e Elis Regina explorariam anos depois. Repare no “Bambalele”, a interpretação de Carmen e os improvisos de Garoto.

O choro passou a beber nas águas do samba quando Benedito Lacerda inaugurou o choro sambado, no qual Jacob do Bandolim celebrando o casamento final entre os dois gêneros.

Na verdade, a evolução da MPB se dá pela miscigenação dos gêneros. “Chega de saudade”, de Tom Jobim, foi inspirada nos regionais. Os primeiros LPs de João Gilberto contem muitas composições de samba-choro e do samba-sincopado (que os cariocas chamam de samba telecoteco). É o caso de “Doralice”, de Dorival Caymmi, e “Maria Ninguém”, de Carlos Lyra, e “Prá que discutir com madame”, de Janet de Almeida.

LUIS NASSIF ” JORNAL GGN” ( BRASIL)

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